A História de Henri
VIII. A Internação
A autorização para visitas na clínica de recuperação, só veio um mês e meio após a desintoxicação de Henri.
Henri chorava muito durante as visitas e dizia viver atormentado com gritos noturnos de outros pacientes. Além disso, às vezes entre eles, ainda havia brigas por comida, ou até mesmo sem motivo.
Implorava a todos que o visitassem que o levassem dali.
Os gritos que Henri mencionava eram pacientes que alucinavam pela abstinência das drogas.
Relatou que com uma semana sem a bebida, sentia como se fosse morrer dormindo. Ele simplesmente ia apagando suavemente, até adormecer.
Sentia suas pernas muito fracas e quase não conseguia se levantar sozinho.
Acordava amarrado à cama, mas não lembrava que quando despertava alucinando, gritava para os enfermeiros que iria fugir e tentava agredi-los, os obrigando a sedá-lo.
O custo do tratamento era dividido entre Luna, Marina e Nina cada uma pagava um mês de internação.
Neste período, a irmã mais velha por quem tanto chamava (Lina), estava internada num hospital após passar por uma cirurgia de retirada da vesícula.
Lina passava inúmeros problemas pessoais e de saúde, mas jamais deixou de buscar notícias de Henri.
Lina e Henri eram tão apegados, mas Lina desistira de envolver-se com os problemas de Henri, quando se separou do marido.
A sintonia entre Lina e Henri era tão profunda, que na época em que Henri sofreu o acidente, Lina acordou desesperada, dizendo que seu irmão acabara de morrer num acidente de carro. E foi para ela que a patrulha rodoviária ligou dez minutos após o acidente. Era o único telefone que Henri sempre levava consigo.
Lina se viu dentro do carro com Henri, e acho que o seu amor pelo irmão era tão intenso que ela acredita que o salvou. Em momentos de perigo, Lina sempre chama por Santa Bárbara, e naquele momento do sonho, em que capotava várias vezes com Henri no carro, lembra-se de ter chamado pela Santa de devoção.
Lina, como irmã mais velha, foi quem praticamente criou os irmãos mais novos, pois os pais trabalhavam fora.
Ela administrava toda a vida deles, como se fossem seus filhos.
O banho, a comida, o uniforme da escola; ela os ajudava com os deveres escolares, e mesmo quando maiores, ela lutou muito com eles para que continuassem os estudos, pelo menos, até o segundo grau.
Lina um dia, fizera todo o papel que agora Nina assumira.
Nina não teve filhos, e talvez por isso, tenha assumido todas as responsabilidades sobre o irmão e a sobrinha.
A irmã mais nova, assumindo a missão de levá-los a um lugar melhor em suas vidas.