Não torceram o pepino!

Uma bombinha explode no pátio da escola. Bibi corre para ver o resultado da pequena explosão na latinha de massa de tomate.

A qualquer momento em que se ouvia um bum, bunzinho ou bunzão, Bibi com certeza estava por perto.

Seus familiares não mais se importavam e também pouco adiantaria. No início ainda chamavam sua atenção. Só se renderam, quando viram a vantagem de saber sempre onde ele estava.

Acabavam as bombinhas, e ele envolvia papel dourado na cabeça de um palito de fósforo e aquecia. Não fazia bum, mas track também servia.

Chegava ao ponto de fazer furos nas paredes e assoalhos, enchendo delicadamente de pólvora. Ato contínuo encaixava a cabeça do prego no buraco que tinha o mesmo diâmetro e dava uma martelada em cima da parte pontiaguda. Era um estouro tão violento, que assustava pessoas a dezenas de metros.

A cada estouro que provocava, sua alegria contagiava.

Explodir se tornou uma obsessão.

Um dia, encheu uma garrafa de gasolina, colocou um pavio com retardo e mandou fogo.

Não deu para se afastar o suficiente, pois o tempo foi mal calculado. Ainda guarda em forma de flor, uma tatuagem nas nádegas, feita pelas queimaduras cicatrizadas.

Quando lhe perguntaram no hospital o que houve, respondeu:

- Um pequeno incidente de criação.

Criou cigarros, canetas, lápis e pacotes explosivos. O tempo passava e suas criações foram aumentando de tamanho, bicicletas, motos e carros de passeio. Não se tem conhecimento se explodiu algum caminhão.

Ficava cada dia mais obsessivo, chegando ao ponto de explodir uma ponte de toras com cobertura e tudo.

Ficou preso apenas um dia. Estourou os cadeados da cela com explosivos fabricados com chiclete, raspa de parede, tinta de caneta e desodorante spray.

A justiça se viu obrigada a colocá-lo em prisão domiciliar. Morava num local isolado; por isso, não interrompeu sua mania. Um ano foi sua sentença, por ter explodido a ponte. Desta pena, cumpriu apenas uma semana porque, ao tentar explodir uma bomba dentro de uma cisterna, calculou mal e explodiu a casa junto. Não se tem registro de que seus pais estivessem na hora da explosão.

Ficou conhecido como Bibi Rojão.

Um amigo lhe fez uma proposta para abrirem uma pequena empresa de perfuração de poços, de olho no potencial explosivo de Bibi.

Ele não aceitou. Queria política e explosivos. Continuou a explodir tudo, por todo o tempo e até em outros paises.

Deve ter explodiu algo muito grande importante, porque se tornou o homem mais procurado da justiça nacional e internacional.

Até hoje, ninguém o achou ou deu informação do seu paradeiro.

Os que procuram por ele jamais o acharão, porque o fazem pelo seu nome de batismo: Hosana Bem Ladem.

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