DEBRUÇADO NA PORTEIRA

DEBRUÇADO NA PORTEIRA

A fazenda era muito grande e grande era o numero de seus empregados.

Peões, carreiros, retireiros e etc.

Naquele dia, um homem, um velho peão estava debruçado na porteira, se lembrando dos velhos tempos, tempos estes em que era um grande violeiro, afamado em toda região,

Tocava nos bailes e era muito admirado,principalmente pelo seu dedilhado feroz, na viola.

Naquelas dez cordas, ele fazia o impossível.

Muito requisitado pelos ricos fazendeiros da região,amado pelas mocinhas casadeiras, vivia o violeiro, a sua vida folgada e despreocupada.

O tempo passou e por causa de uma artrite, aos pouco foi perdendo a agilidade nos dedos e pouco depois, outro grande violeiro tomou o seu lugar.

Naquele dia, debruçado na porteira, o caboclo chorava as suas magoas em uma canção que ninguém ouvia.

Dava pena de se ver aquele vulto solitário, debruçado na porteira, apreciando o cenário do sertão.

Abria o peito, soltava a voz, sem se importar que alguém pudesse ouvir, porque os dedos da viola, puxavam hoje, o carro de boi.

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 18/06/2014
Código do texto: T4849412
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