VENCEDOR

O despertador toca, um corpo afadigado se levanta. Está começando mais um dia na vida de um jovem comum, de uma cidade comum com uma vida comum. O olhar cansado indica o esforço de alguém que luta, mesmo não possuindo um estigma sequer em seu corpo. Até porque, não se trata de uma peleja convencional, afinal, nada na vida desse adolescente é simplório.

- Corra, você está atrasado! – ouve ante a porta de seu quarto. Livros e cadernos são unidos ao seu corpo. Um beijo em sua mãe, um abraço no seu pai. É hora de partir. O mundo o chama. Não um mundo comum, mas um mundo onde, de uma forma intrínseca, se é venerado o conhecimento. Nele as muralhas são destruídas com apenas uma metáfora; e gigantes, tornados pó através de lindas retóricas.

Brada o sino. Multidões vêm, como também vão. Sentimentos fendem para todos os lados. Diferente dos paradigmas anteriores, este dia há de ser distinto, pois para o universitário, cada aula é como um nascer de novo em si mesmo. Dentro do abstrato, seria como se por um momento, se tornasse simplesmente barro, deixando o oleiro com maestria presenteá-lo com um uma nova forma. Transformando-o, assim, num vaso melhorado, uma nova pessoa.

Enfim, o jovem está sentado em sua carteira à espera do saber. Conversas ao seu redor se tornam cada vez mais constantes. Porém a determinação, o furor em seu coração, anseia cada segundo apenas pelo comparecimento de seu mestre.

Quando a aula começa, o saber passa a ser lançado. Neste momento o rapaz cria asas, é um momento único. Ele sabe que o tempo não irá retroceder. O jovem voa, o homem sonha! E assim, o pupilo astuto se preenche. E naquele dia, é este o ápice. Mas só naquele dia...

Hora de partir. Diferente de como veio, agora ele levita. Sua missão esta cumprida. Mas não se acomoda, pois sabe que para mudar o mundo, precisa de mais. O futuro está em suas mãos, não em uma mão cheia de calos, oriundos de um serviço bruto, mas na mão suadas de um estudante. E este, luta, vive, vence... Sim, ele já é um vencedor.