Louco de amor!

Por algumas vezes, do interior de minha residência, ouvia alguns xingamentos que pareciam provir de alguma desavença que estivesse ocorrendo no lado externo.

Em absoluto me enquadro no rol dos curiosos, que por vezes até ‘correm’ atrás dos carros de bombeiros que estão com suas sirenes ligadas só para ver ‘o tamanho do estrago’.

Em assim sendo nunca me dei ao trabalho sequer de aproximar-me da janela para me dar conta do que estaria ocorrendo. Fosse qual fosse o motivo, se houvesse envolvidos não seria eu que iria tentar apaziguar.

Certo dia, ao abrir o portão de casa para realizar alguma atividade externa, que não vem ao caso no momento, comecei ouvir o alarido. Havia um esbravejamento e pela alta sonoridade deduzi que ‘a polêmica’ encontrava-se bem próxima!

Volvi meu olhar para a pequena subida que inicia a rua onde se localiza minha residência e notei que havia um elemento empurrando um ‘carrinho de mão’ e dele é que provia o alarido.

A passos largos e com certa destreza, o elemento empurrou ‘ladeira acima’ seu ‘veículo’ aproximando-se rapidamente de onde eu me encontrava.

Como costumo dizer sempre, e dou graças por isso, ainda bem que não sou surdo, muito pelo contrário, ouço muito bem! E, em sendo assim, pude ouvir claramente o quê aquele ‘homem-cavalo’ esbravejava em alto som, dando rápidas paradas enquanto ‘discursava’: --- Aí! Vai com ele... Dizia que era feliz quando estava comigo... Vai com ele... Parava por alguns instantes, arrumava suas surradas vestes, passava as mãos no cabelo e prosseguia, cantarolando: --- Vai com Deus... Você dizia que sou bonito. Eu te acho linda. O quê ele tem mais do que eu? Não te chamo vagabunda porque gosto de você... Você também gosta de mim, pô! Lançou mão das ‘alças’ do seu carrinho e seguiu andando. Parou logo a seguir junto a uns detritos abandonados como lixo próximos a uma residência vizinha, apoderou-se de algumas garrafas pet, algumas latinhas descartáveis e alguns pedaços de papelão, ‘acomodando-os’ em seu ‘veiculo’ e, novamente, esbravejou: ---- Sempre fui trabalhador... Saio cedo e vou à luta. Nunca passamos fome. Eu te amo! Você também gosta de mim...

Apesar da aparente ridícula mas comovente situação, não consegui segurar um dissimulado sorriso ao lembrar-me de um sucesso que anda sendo veiculado em emissoras que se dignam executar músicas de artistas nacionais, composta e interpretada por Djavan e que entre outros ditos professa: “Tô aqui sempre fazendo planos pra estar com você; Prometendo o amor sem os danos que você quer ter; Um olhar pouco mais demorado já me faz sonhar; Quando penso que a tenho ao meu lado; Você vai atrás do maledeto; Você vai atrás do maledeto; Você vai que vai...”. (http://www.youtube.com/watch?v=y8vw4aOCRuY)

Absorto, imiscuído em meus pensamentos nem me dei conta que o barulho havia cessado com o ‘desaparecimento’ daquele ser ‘desvairado’, ‘obsecado’ e com claros sintomas de ‘destemperos mentais’. Entristecido, deduzi que o apaixonado é mais uma vitima do tão propalado e poético verbo intransitivo, vagando pelas ruas ‘louco de amor’!

Tão abobalhado, encantado, agradecido, emocionado, enrubescido, atarantado... fiquei com comentário postado neste meu texto por preciosa Amiga que há pouco conquistei, que resolvi colocá-lo por aqui, como parte integrante! Muitíssimo grato, jovem AMIGA!

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26/03/2015 12:37 - Angelly Negreiros

Em agradecimento, fiz-me presente, em teus versos e encantos poéticos. Nos valores a terra aquece e o semblante amanhece. Tudo crê, e vê na poesia o vento. Bailarina de muitas danças os seus versos me enriquece. Sou feliz em um mundo, onde posso achar quem me agradece. Pois hoje estou aqui para tirar o meu chapéu para aquele que de joelho me oferece o cálice. Parabéns meu amigo escritor...Pelas visitas e pelo carinho de poético.O SEU MAIOR PRESENTE É A HUMILDADE DE COLOCAR NO PAPEL O QUE SENTE.PARABÉNS!

Para o texto: Louco de amor! (T4985246)