Causos e causos

A noite ia caindo,ja de banho tomado,barriga cheia,lamparinas acesas,olhos arregalados e ouvidos ligados.

O cheiro do queresene se misturava com o cheiro do fumo de rolo usado no cachimbo do seu Zé...

O cheiro dos causos.

Queroseno queimando,fumo de rolo no cachimbo,o patchouli da roupinha lavada,e o cheiro de curral com brisa fresca.Adorava tudo isso...

O barulho da noite se juntava pra abrilhantar as histórias.O contador jurava que eram as mais puras verdades.Cada coisinha contada.Cada detalhe.Sem tirar nem por.Tudo vivido por ele.Tudinho.

Eu era uma criança corajosa.

Enfrentava na minha cabecinha pequena todos os fatos narrados.

Viajava pra dentro dos causos sem temer nada.

Quando iamos dormir,eu rezava pro anjo da guarda.E sentia protegida de todos os maus.

Uma mistura de encantamento, inocencia e fé.

E quando o dia clareava, pulava da cama cheia de energia.E ia viver minhas próprias aventuras.Meus próprios causos.

Ana Maria Cristina
Enviado por Ana Maria Cristina em 15/12/2014
Reeditado em 15/12/2014
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