ELE, ELA E O HIATO

O ambiente era conhecido, mas pela primeira vez frequentavam o barzinho como um casal. Ao invés de mesas juntadas, conversas em voz alta e bebidas em profusão, optaram por um recanto mais calmo e tranquilo. Ambos eram habitues do estabelecimento, cada um com seu grupo, tornando incômoda a sensação de estranhamento.

Mesmo conhecendo o cardápio, demoraram para fazer o pedido... estava claro que um queria agradar ao outro. De repente, alguns amigos dele chegaram, e os chamaram para se juntarem a eles. Mas era para ser um encontro... algo que deveria ser romântico.

Ao escolherem aquele bar, pensaram que seria legal estarem em um local conhecido... mas ao invés de espontaneidade, ambos acabaram

sentindo-se pouco à vontade. A conversa não fluía, sempre alguém aparecia na mesa para cumprimentar... decididamente, não foi a melhor escolha.

Até mesmo o sexo posterior acabou sendo estranho, bem diferente daquela química que tiveram nas noites anteriores... se despediram ao final da noite, e simplesmente não conversaram mais no assunto.

O clima modorrento daquele encontro contagiou ambos: o que era expectativa acabou se transformando em decepção... e aquilo que poderia ser muito bom simplesmente não aconteceu.

Ambos continuaram a frequentar o mesmo bar, com o grupo de amigos... se esbarravam, combinavam de sair... mas simplesmente não rolava... passou mais de um ano para que ele ligasse para ela, convidando para jantar.

Foi necessário que ele insistisse muito, pois ela simplesmente não queria... o último encontro deles foi decepcionante. Ele pegou ela, foram ao restaurante recém inaugurado de um amigo dele... um ambiente diferente, novo... e com isso conseguiram prestar atenção um no outro.

No final do jantar, ela disse que tinha sido maravilhoso, mas que precisava ir para casa. Mas o gosto de quero mais impregnou a cabeça dos dois... no dia seguinte, mensagens e telefonema. Parecia que tudo ia se encaminhando, depois de um hiato de um ano.

Combinaram de se encontrar no bar... mas assim que chegaram, os dois perceberam que seus amigos estavam lá... um olhou para o outro, e decidiram com a cumplicidade de amantes irem direto para o motel. E depois, assumiram o relacionamento, e decidiram que só iriam naquela bar quando fossem em turma... a história deles como casal era uma, e a história individual era outra... e por enquanto estão felizes...

SEBASTIÃO SEIJI
Enviado por SEBASTIÃO SEIJI em 29/12/2014
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