Morrer para descansar


 

 
 
                  Babá começava na carreira de farmacêutico.  Em tempos idos, o farmacêutico ia nas casas dos doentes para aplicar injeções.  As seringas eram de vidro e tinham que ser  esterilizadas numa panela de água fervendo. Esse ritual permitia ao homem da farmácia estabelecer contato mais íntimo com o pessoal das casas visitadas. Havia sempre uma boa conversa, enquanto  a água fervia para a esterilização da seringa e da agulha. Pois foi numa dessas casas, em que o Babá já era íntimo, que ocorreu um fato marcante. Chico Gama estava nas últimas. Babá, que já entrara no quarto sem pedir licença,  encontra o doente, imóvel , de olhos fechados e com a boca aberta, com dificuldades de respiração. Aplica-lhe o soro diário, sem que o doente se mexesse, parecia morto. Na sala ao lado, a esposa do Chico conversa com três senhoras amigas. Em certo momento, Babá ouve claramente: - “Pois é, minhas amigas, prefiro que meu marido morra logo, para descansar.”  Babá, ainda no quarto, para seu espanto,  ouve Chico Gama, que parecia já estar no outro mundo, sem abrir os olhos, exclamar: - “ Descansar é a p.q.p.”









 

Explicação:    Este conto curto foi enviado para publicação no blog de minicontos dirigido pela recantista Marília Paixão (tecendo letras). Conheci recentemente antigo habitante da cidade onde vivo, que vem me contando histórias engraçadas da cidade. São histórias reais, mas que aconteceram há mais de cinquenta anos. Com mudança de nomes, passei a colocar no papel tais contos. Segundo me conta o antigo habitante, há fatos que só acontecem nesta cidade, ou então no cinema. Aproveitando as férias, passo a narrar os contos curtos e cômicos. Este é o primeiro
Gdant
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Gdantas
Enviado por Gdantas em 17/01/2015
Reeditado em 17/01/2015
Código do texto: T5105155
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