Fragmentos d'alma

!Fragmentos d'alma!

Acho e creio que escrever, deixa o cérebro em latenta atividade... Tenho ótima memória. Fui perdendo os cabelos, ficando grisalho. "A dor nos quartos", como dizia minha amada Voinha, (Josephina, que gostava se ser chamada de Lolita!)... Por quê? (Não gostava do seu nome...) . Nunca me esqueço dela e de suas pernas gordas e tortas...

Quando eu e meus irmãos faziam traquinagens, ela gritava: Vou bater, vou matar... E quando encostava aquelas doces e belas mãos em nosso corpo, parecia uma pluma.

Lembro-me que, quando Mainha, ia para o trabalho, Ela, (Voinha!), ficava na janela para um "adeus"... E um Alô ao voltar... Era um pequeno ap. em Copacabana RJ., na rua: Ministro Viveiros de Castro, n. 54 - ap. 503.

Sempre tive vontade de pregar sustos nas pessoas. Bela madrugada de Carnaval, minhas vizinhas, Alice, (agora irmã de criação) e suas irmãs: Rosa e ....( a outra, falecida)!... Chegavam de um baile de carnaval. Eu da Janela, ficava tomando conta da chegada. Coloquei um pano branco sobre o corpo e quando o elevador parou, saí engatinhando, correndo e gritando, para assustá-las. Rosa subiu pelas paredes... Parecia uma lagartixa!...

Quando Ela, "Voinha"!... Foi ao encontro do Universo, eu morava com minha irmã, recém casada, em Caçapava (cidade do interior de São Paulo)!... No Rádio, tocava a canção "Estupido Cupido", na voz da vizinha Taubaté, (Cely Campelo)...

Mainha, deve ter ligado para meu cunhado (falecido, Dr. Juarez Pinto,) - Cirurgião dentista - (Acho que devo a ele, a minha educação). Para dar a minha irmã, a triste notícia!.. Fomos para o RJ. onde Mainha morava, ninguém teve a coragem de me dar a triste notícia da morte de Voinha...

Pela manhã, sem saber onde eu ia, uma vizinha deu as condolências à minha irmã. "Foi assim que fiquei sabendo da morte de Voinha"!... Lembro-me ainda como se fosse hoje, que comecei a chorar... A padaria já estava aberta e tinha fila de gente pra comprar pão. Eu gritava, esperneava e ninguém na fila do pão, não entendia nada.

Soube que meu pai e meu tio Francisco (por parte de mãe), passaram a noite velando o corpo de Voinha.

Nessa época eu tinha apenas treze anos, mas já tomava conta do meu sobrinho Juarez Jr. (enquanto os pais dele, iam não sei pra onde.)!... Eu colocava aquele bonequinho no colo, e o bichinho não dormia.

Com as mãos, cerrava seus olhos e depois, berço, para Eu fazer minhas traquinagens...

Oro todos os dias por Eles (todos os meus mortos)!... E por todos meus vivos....Gosto das saudades dos meus mortos. Lembranças que guardo nas gavetas d'alma. E os vivos estão a alimentar-me.

Mainha, na altura dos seus 94 anos, está tão fraquinha. Cada vez que a vejo, parece estar-se derretendo feito gelo. Mas ainda faz viagens as nuvens, feito Eu, que escrevo Versos. Não perdeu o bom humor, isso é nato, faz parte família da alma. Pelas manhãs, sempre pergunto: Como estás, Mainha?, Ela sempre responde: Estou ÓTIMA!... ( Quê medo de perdê-la, para o infinto universo...)...

Às vezes sorrio, por outras choro.

( O ser humano é paradoxal!))!...Felicidade e tristeza é constante em nossas vidas. A Vida é um aprendizado para as noites eternas.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 28/01/2015
Reeditado em 29/01/2015
Código do texto: T5117736
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