O inesperado

Foi num feriado, desses tão comuns que não nos lembramos nem a data, que o inesperado surgiu.

Com suas vestes rotas, um cabelo desajeitado, fugido do pente, mas

com voz cheia de frases diferentes e sotaque indecifrável.

- Ele realmente não podia ser deste planeta. Que figura!

Com olhar perdido, mas atento, entre tantas pernas e braços do metrô. Não deu outra.

E cai no chão pela força daquele esbarrão.

E não é que realmente ele parecia não existir?

Levantou-me do chão, só com uma de suas mãos. E dai pra frente só me surpreendia a cada palavra ou gesto seu.

Contou-me de onde vinha: Um lugar calmo, claro. Onde as pessoas quase não falavam, sussurravam.

Lá era tranquilo demais, por isso resolveu se aventurar nessa panela de pressão de cidade grande e louca, como a nossa. Por ser inebriante,

passou a tarde ligeira, como num relâmpago.

Trocamos celulares e pistas de encontros futuros.

Até que à noite, num programa de noticiários de TV, ouço o apelo de seus familiares alegando que aquele belo e perfeito garoto (e mostravam a sua foto), fugira de uma clínica de loucos.

É..., pensei: Eu devia estar louca, mesmo, para acreditar que tudo aquilo realmente poderia ser verdade.

Assim, fui dormir decepcionada.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 17/02/2015
Reeditado em 10/03/2015
Código do texto: T5140321
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