Entre os esplendores perpétuos

Quando circulou a notícia da morte do Jaime, tristeza e comoção abateram-se sobre toda a cidade com a rapidez dum corisco. Um moço de 18 anos, atropelado na capital e, com poucas horas mais, seu corpo estaria sendo retornado para as últimas homenagens.

Perda das mais sentidas e enterro dos mais concorridos. Sua campa, logo à entrada do campo santo, cercado daqueles muros ciclópicos, bem estruturada e preservada, por anos e anos, foi das mais visitadas. Amigos, colegas, admiradores e até gente que o não conhecia por ali passou para deixar um ramalhete de flor, uma prece ou um trejeito de solidária dor.

Como podia, um moço tão benquisto, alegre, alerta e saudável, ir-se deste mundo daquela maneira tão prematura, tão sinistra, tão cruel? Embora criados na mesma povoação e, depois, mudados para uma mesma cidade, mas com uns dez anos a nos separar, não consigo me lembrar do rosto do Jaime.

Devia ter o semblante análogo ao de seus irmãos e primos, que eram muitos, buliçosos e cheios de vida. E que se multiplicaram em muitas novas famílias, novos galhos dessa prodigiosa e frutífera árvore genealógica dos Chaves.

Mas por quê tão cedo a poda do Jaime? Merecia o paraiso mais cedo?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 26/04/2015
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