UMA LIÇÃO DE VIDA

Há tempos atrás, numa vila rural de um pequeno Município paraibano, uma família de cinco pessoas vivia feliz. Educava seus filhos mediante as condições de que dispunha.

O filho mais velho, Carlos, de dez (10) anos de idade, estudava em uma Escola a quase 300 metros de distância da casa onde morava. Para ir a Escola Carlos se fazia acompanhar, diariamente, de mais três outras crianças em faixa de idade semelhante a sua, as quais moravam vizinhas a ele. E, para chegarem a Escola, Carlos e amigos, por obrigação, teriam que cruzar por sobre a ponte do riacho seco.

Certa noite de março, a chuva trouxe alegria para os sertanejos e de tão longa que foi, encheu poços, açudes, rios e riachos da região. Ao amanhecer do dia seguinte as aves agradecidas cantavam a sinfonia da chuva. As árvores balançavam seus galhos, como quem brincava ao vento, satisfeitas pela vida rejuvenescida. E as crianças, em um pé só, pulavam ao ritmo da satisfação em ver a fertilidade do solo a refletir na colheita do pão do amanhã.

Alegres, naquela manhã, Marcos e amigos, em direção a Escola, como sempre, passaram na ponte do riacho que, diferente dos dias anteriores, por sob ela passavam águas e convites estimulantes para que por ali se demorassem a brincar as margens do riozinho.

Haviam perdido o horário da Escola. A diversão às margens do riacho roubou de Marcos e amigos a noção do tempo. E nesse êxtase, Romão, um dos amiguinhos de Marcos, o desafia a tomar pé na parte mais funda do riacho, onde um remanso fazia a água gemer, como quem em gritos advertia: “crianças não venham aqui”.

A princípio, Marcos exitou ao desafio. Mas, influenciado pelo os outros amigos, que prometeram acudi-lo em caso de afogamento, encorajo-se e nadou em direção ao remanso.

Quando a força da água roubava as manobras e técnicas de natação do Marcos, este passou, em desespero, a grita pela ajuda dos amigos. E os amigos, quando perceberam que Marcos se afogava, fugiram da margem do riacho sem prestarem o socorro prometido.

E o Marco, na solidão da rebeldia, de tudo fazia para não ser engolido pelo o remanso. Lembrou de seus pais, irmãos e da covardia dos amigos que o entregaram a sorte. Os conselhos caseiros lhe vieram atona. E, mesmo em agonia, refletiu que esse exercício lhe serviria de lição para sua vida.

Enquanto as águas lhe absorviam correnteza abaixo, vencido, uma mão veio a lhe acudir. Um homem que ali pescava o trouxe à vida. E Marcos, já em terra firme, se entregou aos prantos e se desculpou a seu pai, aquém agradeceu por lhe dá a vida novamente.

De tudo, a lição para a vida: os que se dizem ser amigos, nem sempre são verdadeiramente amigos.

Sousa-Paraíba, 03/abril/2007.

Escreveu: Dr. Dionízio Gomes

Advogado, Jornalista, Poeta e Político.

Dionízio Gomes
Enviado por Dionízio Gomes em 16/06/2007
Código do texto: T529065
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