(In)Sônia – Uma noite para descansar os olhos

De fato, ela estava certa que a confiança era a coisa mais cara do mundo. Sempre que cogitava a ideia de “desabar” com alguém, a outra Sônia dentro dela a submetia à sensações assustadoras de estar com o coração exposto num mundo cheio de vampiros famintos. E assim, apagando aos poucos sua própria Luz, seguia suprimindo tudo que ela via e ouvia a desagradar-lhe o coração tão necessitado de paz. Ela sabia que viria, mas paciência não tinha muito a ver com ela. Ao menos era isso que ela pensava. Sônia não sabia quanta paciência havia nela. Por uma feliz coincidência, ou talvez pelo cansaço acumulado, há duas noites ela vinha ostentando bom sono. Ao menos por duas noites não precisava lutar contra seus pensamentos noturnos e viver sozinha nos seus escuros.

Pensar que não haveria com quem conversar, não a incomodava tanto. Falar de si mesma nunca foi um hábito pra ela. O que a assustava, era imaginar que o número de pessoas confiáveis do convívio dela, estava diminuindo. E ela ainda não sabia até que ponto isso era realidade ou bloqueio dela. Mas aceitar essa possibilidade talvez fosse o que a fizera dormir bem. Concluiu que talvez devesse cuidar mais da sua saúde. E dormir e conversar poderia ser parte dessa solução.

Antes de se entregar ao seu próximo sono, perguntou: Amizades também morrem? Mas a outra Sônia que (m)orava dentro dela, silenciou: Sonhar é permitido, meu anjo!

*Textos de Quinta - Para fugir da responsabilidade.

Um a cada quinta. Não é promessa, é desejo =)

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 06/08/2015
Reeditado em 06/08/2015
Código do texto: T5336930
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