Querido Adan 2 e última parte


Aos dois anos ele foi se acomodando e ficando mais cuidadoso, não pulava mais no sofá nem nas camas e eu já não imaginava mais a vida sem ele. Era o meu companheiro e amigo, mas quando meu filho chegava ele me esquecia completamente, e toda sua atenção se voltava paro o seu líder, pois todo cão tem um líder e como ele conheceu meu filho primeiro, esse se tornou o seu líder.
O Adan mudou muita coisa em nossas vidas, fez de nós pessoas melhores, mais compreensivos, carinhosos e unidos. Assim se passaram uns seis anos até que ele começou a ter problemas digestivos e dores que o deixavam e nós muito tristes.
Dai para frente era mais raro ele estar bem, levamos em vários veterinários e cada um dava um diagnóstico diferente e ele continuava sempre doente, mas apesar disso nunca deixava de nos dar carinho e fazer suas atividades físicas, caminhava diariamente e aparentemente era feliz, mesmo com dores constantes!
Um dia uma amiga minha pediu para que o Adan cruzasse com a sua cadela também da raça boxer e desse cruzamento nasceram doze lindos filhotes e eu tinha direito a um, mas vendo o sofrimento físico que o Adam passava, preferi não ter outro cão em casa! Eu queria me dedicar somente a ele, pois pressentia que seu tempo de vida era curto e eu pretendia dar-lhe todo carinho e atenção que ele precisasse nos seus últimos anos de vida.
Assim ele foi ficando dia a dia mais doente até que precisou ser submetido a uma cirurgia na próstata depois de ter sido encontrado um tumor que o veterinário disse não saber do que se tratava, mas eu achava que era câncer devido à fraqueza que ele vinha sentindo. Nós fazíamos tudo pra tornar a vida dele menos sofrida e muitas vezes eu chorava ao vê-lo tão debilitado sem poder fazer nada para aliviar seu sofrimento.
Dois mil e oito foi para ele e para nós o pior ano, pois víamos que ele não estava bem mais já não havia nada que pudesse ser feito a não ser demonstrar-lhe todo carinho e amor que tínhamos por ele!
Meu marido se apegou tanto ao Adan que era como se fosse um filho, talvez o mais querido, pois esse só lhe dava amor e carinho, sem nunca reclamar de nada, tudo era lindo para nosso querido cão, para ele bastava nossa presença para ser feliz. Éramos a matilha dele.
Enfim chegou dezembro e pela primeira vez a ceia de Natal não seria em casa, mas sim na casa de minha filha e como o Adan estava muito doente e não querendo deixa-lo sozinho o levamos conosco! Durante todo o tempo que ficamos lá ele ficou deitado num cantinho, mas com toda nossa atenção! Voltamos pra casa e ele até que parecia bem, acho que estava feliz pelo passeio a noite!
Terminou dois mil e oito e começou dois mil e nove e apesar de doente e fraco ele ainda fazia festa quando alguém chegava. Era como um guerreiro e não se entregava de jeito nenhum. No dia seis de janeiro de dois mil e nove, ele amanheceu cego, quando se levantou da cama e veio pra cozinha descobri que ele não enxergava mais.
Chamamos o veterinário em casa que colheu o sangue dele e foi constatada uma grave anemia devido a um sangramento pelo intestino que começara a ser visível naquele dia, por onde ele passava ficava pingos de sangue no chão! Mesmo cambaleante ele ainda saiu pra fazer as necessidades fisiológicas fora.
À noite ele começou a ter muitas convulsões repetidas e procuramos algum veterinário, mas não encontramos ninguém para atendê-lo, então localizamos na lista telefônica um veterinário de uma clínica na cidade vizinha que nos atendeu e disse que não podia fazer mais nada pelo nosso Adan, que estava no fim e que agora só nos restava esperar que ele morresse logo pra não sofrer muito.
Deu lhe uma injeção pra sedá-lo e evitar novas convulsões e foi embora.
Ficamos ali meu marido, meu filho e eu, chorando e pedindo a Deus que não o deixasse sofrer mais! As seis horas da manhã ele começou a ficar inquieto, então meu filho carregou-o e levou-o fora! Ele fez xixi e meu filho trouxe-o carregado para sala onde ele estava antes... Meu Deus, como foi triste as suas últimas horas de vida, quanto sofrimento, ele chorava baixinho, como se estivesse pedindo a nossa ajuda e nós impotentes, nada podámos fazer para salvá-lo, a não ser chorar com ele, que parecia saber que chegara o fim e que iria nos deixar.
As nove horas do dia sete de janeiro de dois mil e nove, nosso querido Adan partiu desse mundo e nos abraçados, ali choramos em silêncio a sua partida! Depois o enrolamos num lençol e o levamos para a chácara de um amigo onde nos cavamos uma cova e o enterramos! Ali dissemos nosso último adeus àquela linda criatura que foi por dez anos a alegria da nossa família! Ainda hoje não consigo falar dele sem chorar, ele que foi sem dúvida um anjo cão que nos trouxe mais luz e amor em nosso viver!
Nosso querido amigo! Companheiro de todas as horas, sua lembrança será inesquecível!
Quantas saudades há em nós, meu doce querido cão amigo!
Deve haver um céu para nossos animais, afinal eles só nos fazem bem...
Um mês e meio depois meu marido sofreu uma parada cardíaca e teve morte instantânea. Em tão curto espaço de tempo perdemos dois companheiros queridos o que fez com que eu tivesse uma grave crise de depressão embora eu não aceitasse esse fato.
Apesar de tudo acho que depois do verão de dois mil e nove nunca mais fui a mesma!
Aos meus dois queridos e amados companheiros minhas eternas saudades!
 
Adan: nosso amigo fiel e inesquecível:/ 03 / 02 / 1999 / 07/ 01 / 2009 +