COMPARAÇÕES SÃO INEVITÁVEIS
Estava ali no bar bebendo minha cerveja quando uma mulher bem bonita se aproximou e perguntou se eu era o escritor. Fiquei feliz, poucas pessoas leram meus livros e desses poucos leitores bem poucos me reconhecem por causa da foto da orelha.
-Sou eu mesmo.
-É eu li seus livros.
-Legal!
-Eu gostei deles.
-Que bom.
-Parece muito com Bukowski.
-Comparações são inevitáveis. Mas obrigado. Eu gosto do velho Buk.
-Mas você não acha que é muito novo pra querer ser o Bukowski paulistano.
-Oi?
-Você mal saiu das fraldas e já quer ficar se comparando com ele.
-Quem disse que eu quero ser o Bukowski?
-Se alguém tem que ser o Bukowski paulistano, esse alguém tem que ser o Mário Bortolotto.
-Olha, espero que o Bortolotto não queira ser o Bukowski paulistano.
-Tá vendo. Você quer ser o Bukowski paulistano!
-Garota, chupa meu pau.
-Oi?
-Sexo oral, gostozinho.
-Você é escroto e machista igual o Bukowski!
-Ah garota, não fode. Tô tomando minha cerveja e você me vem com essa.
-Você não aceita críticas.
-Claro que não. Quem aceita?
-Eu!
-Você é chata pra caralho.
-QUÊ?!!!
-Foi só uma crítica.
-Nunca mais vou perder tempo lendo seus livros seu imbecil!
-Tudo bem. Leia Bukowski.
-Você é sujo igual ele!
-Olha, vai lá pro cemitério de automóveis encher o saco do Bortolotto.