COMPARAÇÕES SÃO INEVITÁVEIS

Estava ali no bar bebendo minha cerveja quando uma mulher bem bonita se aproximou e perguntou se eu era o escritor. Fiquei feliz, poucas pessoas leram meus livros e desses poucos leitores bem poucos me reconhecem por causa da foto da orelha.

-Sou eu mesmo.

-É eu li seus livros.

-Legal!

-Eu gostei deles.

-Que bom.

-Parece muito com Bukowski.

-Comparações são inevitáveis. Mas obrigado. Eu gosto do velho Buk.

-Mas você não acha que é muito novo pra querer ser o Bukowski paulistano.

-Oi?

-Você mal saiu das fraldas e já quer ficar se comparando com ele.

-Quem disse que eu quero ser o Bukowski?

-Se alguém tem que ser o Bukowski paulistano, esse alguém tem que ser o Mário Bortolotto.

-Olha, espero que o Bortolotto não queira ser o Bukowski paulistano.

-Tá vendo. Você quer ser o Bukowski paulistano!

-Garota, chupa meu pau.

-Oi?

-Sexo oral, gostozinho.

-Você é escroto e machista igual o Bukowski!

-Ah garota, não fode. Tô tomando minha cerveja e você me vem com essa.

-Você não aceita críticas.

-Claro que não. Quem aceita?

-Eu!

-Você é chata pra caralho.

-QUÊ?!!!

-Foi só uma crítica.

-Nunca mais vou perder tempo lendo seus livros seu imbecil!

-Tudo bem. Leia Bukowski.

-Você é sujo igual ele!

-Olha, vai lá pro cemitério de automóveis encher o saco do Bortolotto.

Vitor Miranda
Enviado por Vitor Miranda em 09/10/2015
Código do texto: T5409744
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.