Levanto, tomo um café solúvel. Há dias não faço compras e sinto essa dissolução no ar punindo as retinas malsãs. Pelos poros eclode o sentimento das horas, vislumbro a vida passar velozmente tanto quanto, incólume. Sempre esperei da humanidade uma reação ao fútil, à banalização dos sentimentos... Mas, nada! Nunca obtive da vida, algo que não fosse manufaturado no próprio pensamento, tal a fuga... As horas passam inadvertidamente sobre relógios, simultaneamente pessoas estão a sorrir, comer, procriar, morrer, esperar, sofrer... Há uma eterna angustia povoando suas almas. Procuro não me saber em tais momentos, não tenho respostas para essas coisas. Finjo estar feliz e busco a cada instante razões para viver, acreditar em possibilidades e continuar... Assim, aguardo os útimos dias rugirem ao longe, sobre sismos, “Il giorno fatale”. Por enquanto, uma aragem toca-me a pele. O sol abstraidamente cai pela tarde, a noite acontece. O telefone toca, não atendo. O dia, de forma abrupta, se vai...Tomo um banho, miro o suor de meu corpo esvaindo pelo ralo com a água. Talvez, amanhã consiga acreditar em algo, desse modo, reacender a paixão. Sinceramente, não sei...
                                                                                                      

27.10.15