UM MENINO DA PERIFERIA

Dra. Mary Duarte, médica cirurgiã, 26 anos, morava na zona sul do Rio de Janeiro. Além de trabalhar em uma clínica no Leblon, ela também fazia plantão em um hospital público na zona norte uma vêz por semana. Certo dia, em que ela rumava para o seu trabalho de plantão, ao passar por uma das ruas com cruzamento, o semáforo ficou vermelho e em sua frente parou um carro. Numa fração de segundos ela teve o desprazer de assistir a um assalto no tal carro. Ela viu um "pivete", franzino, que não aparentava mais de 14 anos, com um revólver em punho roubar a carteira do motorista. Foi tudo muito rápido, mas, Dra. Mary guardou bem a cara do menino, que parecia estar agindo com a proteção de algum marginal. Foi para o seu trabalho pensando como está difícil viver no Rio de Janeiro. Tem-se mesmo contar com a sorte e a proteção de Deus.

Trabalhou aquele dia muito tensa, pois não deixava de pensar no que vira e na cara daquele menino com uma arma nas mãos. Pela madrugada, quando parecia que teria uma noite de plantão tranquila, eis que de repente vem um chamado urgente para que ela fôsse atender um paciente baleado e em estado gravíssimo.

Para a sua surpresa, quando viu na maca, o tal paciente, levou um grande choque, pois ele era o tal menino que vira assaltando naquela manhã. Ainda que muito traumatizada com a violência, buscou fôrças para socorrer o menino, que para ela, nada mais era do que também uma grande vítima da violência na cidade e do descaso da nossa própria sociedade.

pauloromano
Enviado por pauloromano em 29/06/2007
Código do texto: T546403
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