Júlio César Davs

Em meio a uma discussão com meu amigo Júlio ele me disse algo parecido com as linhas que tentarei reproduzir adiante:

Dane-se; estou pouco me importando com o que você vai achar.

Eu vim de uma época onde as coisas não eram tão fáceis, o povo lutava pela constituinte e usava drogas e isso era uma coisa inocente, não era como hoje.

Vejo essa tal de geração saúde, a geração que se anaboliza para mostrar saúde, a geração saúde drogada se tornou um segmento e não passa de uma simples oportunidade mercadológica.

Tanto o bem, quanto aquilo que é considerado ruim, tudo tem apenas um fim: o consumo.

Na televisão assisto garotas que morrem por deixar de comer e viram ídolos, exemplos tanto pelo lado do: “Faça isso para ser uma estrela” ou pelo lado: “Minha filha, vá comer e desista dessa vida de querer ser TOP-MODEL”.

E também existem os “radicais livres”, e eu penso nessa gordura enlatada que nos é obrigado a passar pela goela. Comida de má qualidade, livros de má qualidade, filmes péssimos e ainda assim sucessos de bilheteria.

Eu escrevo para mim ás vezes, pode parecer esquizofrênico, mas isso quer dizer que eu não cheguei a um limite, não quero ser milionário com um livro... Deve ser muito difícil competir com o Harry Potter. Quero explorar, inovar, até talvez quem saiba ser BILIONÁRIO e comprar um iate, viver em alto mar e depois escrever um livro sobre isso também ou fazer um filme.

Sonhando alto... Se quisesse fazer isso seria mais fácil abrir uma igreja ou uma associação “secreta-indiscreta”, ou inventar uma nova religião ou virar crítico!

Criticar é bom! Apontar os erros alheios é sempre mais fácil do que enxergar as nossas próprias falhas. Atualmente se você não é alguma coisa, deve ser ANTI alguma coisa para ser algo!

Eu tenho apenas um objetivo: incomodar.

Quero um desafio, pois ainda vejo, sinto, ouço e estou vivo e o mais importante disso tudo é que existe alguma coisa entre o mundo em que vivemos e o mundo que a gente não vê. Átomos, elétrons substanciais... Alguns chamam de religião, vertentes, filosofia.

Aprendemos a aprender e vive-se em uma entropia onde tudo leva a um lugar comum e poucos saem das fronteiras. Sair do centróide já é uma glória!

Einstein dizia que sua genialidade fora adquirida. Como diz a "história" ele era muito “burro” na escola e conseguiu descobrir a famosa teoria da relatividade e dar passos rumo á física quântica!

Onde se vende genialidade?

Creio que ainda não inventaram esse produto, ou simplesmente não exista demanda para ele.

Já posso imaginar os outdoors e todo mobiliário urbano vendendo genialidade em pó, em comprimido e até disfarçada de livros, em manuais complicados de como usar, brigando com propagandas de trinta segundos que conseguem adestrar trilhões de pessoas de uma só vez!

Isso é genial!

Em sua retórica, Júlio tentou me convencer de algo que não entendi na minha limitada realidade de jovem universitária e estagiária. Dias atrás recebi um telefonema sobre o desaparecimento e o suposto assassinato, seqüestro, suicídio ou fuga de Júlio...

Ele saiu de seu apartamento deixando todas as coisas desarrumadas no lugar e apenas levou seus “rabiscos” que era como chamava os textos que ele escrevia “para si mesmo” como ele me havia dito...

O único "rabisco" que ele deixou foi esse, o qual a mãe dele resolveu entregar-me, pois achava que - “isso deve ser coisa que aquela menina estranha irá entender”.

A frase era: “Os idiotas são os mais espertos, então no final das contas, quem são os idiotas?”.