Quem precisa mais?.

É o estranho momento, em que você está no ônibus, sentado e então, você olha para a parte da frente do ônibus, com seus assentos preferenciais, todos eles ocupados por alguns idosos, duas mulheres com crianças de colo e uma mulher obesa, que parecia ter algum tipo de necessidade especial, eu não consigo pensar, que tipo de necessidade ela tenha, além da obesidade, mas, tudo bem.

O ônibus seguia seu roteiro de costume, nada demais, o pouco ir e vir de pessoas subindo e descendo do coletivo, até aí, nada de mais, até chegar á um ponto onde é comum, um transito maior dos passageiros e assim se aconteceu, poucas pessoas desceram, porém, muitas pessoas subiram, no meio dessas pessoas, incluíam-se mais uns dois, ou, três idosos, uma mulher gravidade, com barriga de no mínimo sete meses.

Enquanto, os passageiros se dirigiam para a parte de trás do ônibus, onde eu estava, porém, num ponto um tanto favorável, para assistir a cena, no qual eu já não desgrudava os olhos, s passageiros mais ilustres, se assim posso dizer, ficaram na parte da frente, almejando os tais bancos preferenciais. Devo dizer que foi uma das cenas mais escrotas e absurdas que eu já vi.

Imagine-se em um tribunal, ou em algum leilão, onde quer que a cena possa se encaixar melhor, onde a questão em si, em ambas as situações são os assentos preferenciais e de repente, um senhor de idade bem avançada, quer se sentar, porém os lugares já estão ocupados por outros ilustres, não só eles como os outros que entraram no ônibus com ele, logo, torna-se um jogo de “quem precisa mais”. O idoso, que argumenta sua idade, seus cabelos brancos, rugas e enfermidades provenientes do tempo, enquanto, a mulher gravida, balbuciava a vida que carregava em seu ventre, além de resmungar das dores nas costas, nos pés e leves incômodos ao longo do corpo; as mulheres com suas crianças em seus colos, uma delas estava dormindo, debruçada no seio da mãe, num sono tão pesado, que chegava a babar na blusa da mãe, argumentavam, o peso das crianças, que por mais, que não estivessem mais no ventre, eram tão dependentes, quanto a da gravida, além, do esforço que era, para transitar pelos diversos pontos da cidade, tendo que levar as crianças nos braços. Não devo me esquecer da obesa, mulher de voz potente, que bradava a mesma coisa, quase que como uma frase feita e de efeito, coisa de fim de cena de cinema, “Eu sou especial!”, Isso é ela dizia e tudo o que dizia além de sustentar sua carteirinha de portadora de necessidades especiais, como se fosse um troféu, um titulo de comendador de algo.

Nem o motorista, nem o cobrador e nem mesmo qualquer passageiro fez, ou, falou algo, assim como eu, apenas assistiam aquela cena bizarra; meio petrificados, afinal, o que falar? O que fazer? De qual partido deveriam tomar causa? Talvez, até fosse melhor que ninguém fizesse nada, pois, poderia aumentar aquela fanfarra e gerar mais e mais discussões entorno do caso.

Sem mais delongas, o motorista, fazia a única coisa realmente sensata, apenas conduzia o coletivo e em cada parada, era o mesmo movimentos de pessoas, subindo e descendo, tudo bem maquinalmente executado, assim foram surgindo lugares, onde todos os ilustres passageiros puderam se sentar e prosseguir viagem em silêncio e em paz, sem nem mesmo parecer, que houve qualquer discussão, sendo assim tudo bem, afinal, o que poderia ser feito?

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 07/12/2015
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T5473107
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