Desligue o celular !

Desligue o celular!

Ela chegou com cuidado, bem devagarinho, com a leveza que só os seres amáveis possuem. E os beijou. Eles acolhidos no braço de Morfeu, esqueciam o mundo e as horas. Ela os acordou da forma mais carinhosa que qualquer ser humano gostaria de ser acordado.

Era assim, aos domingos, quando eles saiam aos lugares mais legais e a levava a passeio, ela tinha cinco primaveras vividas, esses foram os dias que esse ser maravilhoso coloriu com as cores da felicidade, a vida de duas pessoas. Eles acordaram e vendo aquela carinha feliz! Ali, parada ao lado da cama, com bichinho de pelúcia preso em seus braços, sorridente e com os olhos cheios de esperança, uma estrelinha a brilhar, cobriram-na de beijos. A felicidade era tanta que quase não coubera naquele momento.

Levantaram-se a mulher fez o café, e enquanto fazia o café cantarolava uma canção de nina que aprendera quando criança com a sua mãe.

Ele foi ao banheiro, pois precisava fazer a barba, há três dias não se barbeava e começava a aparecer àqueles pelos que tanto o incomodava.

A menina em seu quarto brincava com seu bichinho, um cachorrinho de pelúcia, ele tinha as orelhas grandes e caiadas faltava lhe também um olho e no lugar do olho, a menina colou um botão, mas dentre todos os brinquedos, o cachorrinho, era o seu preferido.

Com o cachorrinho pendurado pelas as orelhas,

Ela levantou-se do chão, abriu a porta e gritou - mamãe com qual roupa eu vou?

-Posso ir com aquela que a vovó me deu?! Atenta, esperou a resposta, que não veio, a sua mãe não a ouviu, tinha saído à rua, pois o lixo iria ser coletado na segunda feira, como ela iria chegar à noite e não sabia a que horas estaria em casa, resolveu colocar o lixo na lixeira, e ao retornar a casa ouviu o grito- mamãe cadê você? A menina saiu do quarto e caminhou até a cozinha.

- mamãe com que roupa eu vou à casa da vovó?

-a mulher abaixou-se um pouco e perguntou, - com qual você quer ir, meu amor?

- com aquela que a vovó me deu, posso?

-pode sim, minha querida!

Na garagem, o pai verificou o óleo do carro, as luzes, o limpador de para-brisas, os pneus, os freios e...

Tudo checado, tudo funcionando certinho.

Ele vai ate a porta e chama a mulher-querida vamos, olha a hora, vamos!

A mulher veio à garagem beijou o marido, abriu a porta e colocou algumas coisas dentro do carro, voltou a casa foi ao quarto e chamou a menina.

- vamos filha!

A menina veio correndo com o seu amigo, agora preso pelo o pé e com as orelhas quase arrastando no chão.

Sentou-se no banco traseiro.

Eles entraram no carro e pegaram a estrada.

A mãe olhou para trás e pediu que a filha colocasse o cinto de segurança.

A pista estava molhada devida uma chuva que caiu.

A BR... Estava pouco movimentada.

Toca o celular ele ouve, mas não atende. Pouco tempo depois, o celular a tocar. Ele abaixou-se um pouco, pegou o celular – alô...! E... Acordou em um hospital.

A sua esposa em outro quarto, ainda inconsciente devido à gravidade do acidente. Ele mal podia mexer o braço, acabava de acordar. Fez perguntas e recebeu respostas. Não, as que ele gostaria de ouvir. Tinha verificado todos os itens de segurança do carro, mas não desligou o celular!

O seu pequeno gesto acabou com o melhor que havia em sua vida.

E de todas as coisas perdidas, o seu maior tesouro, a filha. Aquela pequena voz ecoará por muito tempo aos seus ouvidos e os beijos cheios de leveza e carinho serão perpetuados, como lembranças, em seus dias.

A dor maior de todo esse mundo ele carrega agora sobre os ombros

E não pode ir ao enterro da sua felicidade!