A observadora

Uma amiga pretendia ter um choque de realidade, pois sem coragem de encarar a vida, pensou em levar um baque.

E eu por amizade atendi seu pedido o de irmos até o cemitério para vermos que sensações teríamos.

Na lateral do crematório um parque, onde a vida se fazia crianças brincando ignorando, o que do outro lado do muro tinha.

Parei e sentei me no banco para descansar pois para chegarmos lá enredamos por uma ladeira.

Minha amiga inquieta andava de lá pra cá, eu observava uma mãe a sua criança ensinar pedalar, em outro ponto namorados apaixonados a se beijar.

Eu fitava o muro que do lado de cá onde vida se fazia, até exercícios para ficar em forma as pessoas praticavam, mas o muro uma linha tênue dividia vida e morte.

Minha amiga veio me apressar, depois do crematório tem o velório e ao fundo as covas.

Fomos até o cemitério e eu aliviada por não ter nenhum defunto, mas ela sentiu muito, pois, sua intenção era os desconhecidos velar.

Meu Deus que loucura, não era melhor procurar outros amigos pra se divertir, num fim de sábado ir cutucar o instinto de thanatos para se torturar.

Naquele lugar muitos queridos estava adormecidos e ainda estão, meu pai, meus avós, meu tio, minha prima e algumas pessoas vizinhas.

Descemos até as covas e nesta hora só veio em minha mente um conto de Clarice Lispector, quando observei que o sol estava se pondo “Venha ver o por-do-sol”. neste momento percebi que minhas pernas bambeavam, meu estômago virava, e meu rosto formigava.

Andávamos entre covas novas. Choquei quando observei que a maioria dos que estavam enterrados ali eram meninos entre dezesseis e vinte anos, e pessoas nascidas na mesma época que minha mãe.

Enlouqueci quis sair correndo dali, visualizei minha querida velhinha o pânico tomou conta de mim. nsia de vômito em ondas no meu estômago,minha amiga insistia em ficarmos mais um pouco, não deu vim embora, ela atrás de mim pedindo para irmos ao velório estava chegando defunto fresco.

Deus me perdoe, respondi não tenho nada a ver com isto daqui, vinhemos embora cheguei em casa aterrorizada mas aliviada por ver minha mãezinha intacta.

No dia seguinte ela me procurou, pois sua noite foi só de pesadelos comigo e com a mãe dela mortas.

Já se passaram seis anos.

Isso tudo foi de fato.

Nígia Soares
Enviado por Nígia Soares em 07/03/2016
Código do texto: T5566862
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