A DOR INEXPLICÁVEL

    Tudo parecia normal naquele belo dia. Acordava disposta para começar mais uma rotina de Trabalho. Aquele dia passou tão depressa que o alivio tomava conta de seu ser. Ao sair do trabalho começou a pensar em sua linda menina que a esperava em casa, aquele pequeno ser, era o único que ela tinha ao seu lado naqueles dias.
   Chegando então ao seu destino final com um sorriso enorme veio ao seu encontro meio desengonçada, estava aprendendo seus primeiros passos. Apesar de toda aquela alegria contagiante daquele ser indefeso seu coração começou a tortura-la com um aperto inexplicável.
   Não entendia o motivo e não encontrava uma solução, diferente do dia a noite foi longa e com um choro inexplicável seu sono ia desaparecendo. No outro dia estava com olheiras e ainda com muito sono, porém o que não entendia era o motivo de tanta angustia, e em baixo de uma bela maquiagem havia um rosto abatido pela noite mal dormida e de choro intenso. No entanto o dia termina e para descontrair algumas amigas resolveram fazer um Happy Hour em um estabelecimento dos seus mais novos clientes, resolveu então ir, mesmo com aquela dor a qual não conseguia explicar, e a qual não conseguia desabafar com ninguém.
   Depois de vários minutos de descontração, a dor parecia já distante de seu coração aflito. Seu telefone toca. Pensa, quem será? Quando pega o celular na mão já pode concluir que é seu primo. Estranho, ele quase nunca liga, ou melhor, nunca havia ligado e depois de um breve alô suas palavras são duras e diretas: _ Vem aqui que seu pai morreu! “como assim, você esta de brincadeira comigo!” foi tudo o que ela conseguiu responder naquele instante, e de repente a inexplicável dor volta ao seu peito dessa vez com mais intensidade.
   Com imenso desespero, largou tudo, não conseguia dizer uma sequer palavra, apenas chorar. Aquelas ruas pareciam um labirinto do medo onde as luzes haviam se apagado e a saída era a dor. Para seu desespero, uma cena que marcaria para sempre sua vida, um homem de quase dois metros ao chão frio de um banheiro que tinha apenas o dobro de seu tamanho. Ela gritava em uma tentativa desesperada e frustrada de fazê-lo acordar, enquanto em sua memória se passava cenas de tudo que passaram juntos, dos ensinamentos, da disciplina, assim um nó se formava em sua garganta, precisava dizer ainda muitas coisas que nunca havia dito, necessitava pedir perdão e sentir seu abraço enquanto dizia “eu te amo”, todavia naquele exato momento descobrira que nunca mais sentiria seu abraço ou escutaria sua voz novamente.
   Foi então a partir desse dia que passou verdadeiramente conhecer o significado da palavra “dor”, que para ela era como um punhal cravado no coração, silenciosamente, ia girando no sentido horário, todos os dias em seu peito.


Rhayna Leonardi

 
Rhayna Leonardi
Enviado por Rhayna Leonardi em 21/03/2016
Reeditado em 02/04/2016
Código do texto: T5580674
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