A solidão é minha..

Ando mais taciturno do que sempre fui, os poucos amigos que tenho vivem se aborrecendo com esse meu silêncio, ou essa falta do que falar, sinto que posso estar perdendo-os um por por um, mas talvez não me importo tanto já que não gosto que me roubem a solidão. Os meus companheiros são, o vinho, o cigarro e meu livro de cabeceira, ''No Caminho de Swann''. Essa é minha realidade, e eu a estimo muito, não tenho que me encaixar nesse padrão absurdo e sádico da sociedade, prefiro utopia a hipocrisia, loucura a superficialidade,sou intenso demais, aquele passarinho que cai, separando-se de sua mãe,enche meus olhos lágrimas, a bela mangueira de minha rua quando foi cortada, fiquei de luto por 3 dias, durante um tempo eu sentava naquele triste tronco na manhãs de sol lamentando, e em volta de mim os garotos da rua em círculo me insultavam com apelidos pejorativos como : ''veadinho, ''bichinha'', eu estava com meu coração tão partido pela dor ''dela'' que aquelas vozes pareciam ecoar do fundo do mar.

Já se passaram bons anos depois disso, e minha aparência se apresenta um tanto senil pela barba longa e os sulcos em minha pele. O tempo é muito cruel com a gente, pouco, a pouco, nos tira o que temos de melhor, a fantasia, a pureza, a vitalidade, e logo mais a vida...Mas ainda resta aquela parte que não envelhece, a Alma, há uma pequena mancha que foi consequência das circunstancias da vida,nos dias frios ela doi, como doi, é como cravar uma coroa de espinho em sua cabeça e girar, mas essa dor consumante e devastadora me faz bem as vezes, como já dizia Caio F Abreu ''Precisa sofrer e morrer muitas vezes por dia para sentir-se vivo'', e quando essa dor lateja demais, as visitas insistem, dificilmente eu as recebo, não sou ingrato ou rude, apenas quero viver e sentir a minha dor e solidão.

Denise Brunato
Enviado por Denise Brunato em 24/05/2016
Reeditado em 19/10/2017
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