você é deserdado? o texto é grande tem coragem pra ler? leia pra entender.

Fazemos parte de uma sociedade hoje chamada Neoliberal, que é a sociedade do consumo.

O consumo desenfreado nos consome. E consumidos, não encontramos o amor.

Ficamos perdidos na Ideologia de classe.

Vou começar esses contos com a ideia do que seja uma família classe média vivendo na sociedade ocidental e talvez hoje até nas sociedades orientais. Onde os valores do consumo nos consomem!

Logo de manhazinha, antes do nascer do sol o pai já se levanta para ir ao trabalho, logo depois é a vez da mãe se levantar para ir também ao seu emprego, mas antes precisa acordar a filha para leva lá à creche. Creche local onde as crianças permanecem durante o período do dia, e são cuidadas enquanto os pais estão nos seus empregos trabalhando na mais valia.

Tudo funciona para agradar ao mercado, quando se tem mais emprego do que mão de obra disponível, o menor é indispensável, quando não, é proibido menor trabalhar, criam-se leis e o povo aplaude, porém, ninguém os enxerga nos faróis, nas esquinas e nos caminhos crianças pequeninas e pedindo esmolas para alimentar a fome! Assim também com relação, aos estímulos pós-revolução industrial e já neste período do neoliberalismo os estímulos aos empregos da mulher na exploração da mão de obra, como mais barata ajudando ao capital. Então trabalham-se o pai e a mãe e sem tempo para as tarefas familiares vão o tempo passando.

E ao anoitecer os pais já estarão de volta, o pai chega primeiro, antes da mãe, vai ele apanhar a filha na creche.

Quando chegam a casa, o sol já se pôs, e neste tempo a mãe já está em casa. E ai então, começa a segunda jornada de tarefas do trabalho e cada um com seu trabalho, na maioria das vezes, enquanto a mãe vai preparar o jantar o pai vai cuidar da filha nas necessidades prementes, entre estas estar vigiando-a. Tem dias que ela grita pela mãe, talvez necessidade de existir. Então se revezam, e neste momento o pai vai lavar a louça que muitas das vezes é da noite anterior. O corpo não é uma máquina e a tecnologia é desumanizante. A correria embota, como se andar atrasado é andar mais adiante e já estamos na hora do jantar e a fome clama, reclama e cada um pega o seu prato, carregam as suas dores sem analgésicos, nem sabem da onde vem a dor, colocam a comida e vão sentar-se na sala alimentar-se diante da televisão, ligada na novela; dizem estar muito emocionante. E vão comendo, mastigando com a atenção na televisão ligada, nos personagens e sem gosto do verdadeiro sabor e de garfada em garfada comem e nem se imagina no engordar como um suíno qualquer. No momento que entra o intervalo comercial às vezes até dá para trocar algumas breves palavras.

Quando termina a novela, todos enovelados, cada um vai para um canto, às vezes ficam todos para o telejornal, às vezes um fica o outro vai ver outro programa na televisão instalada no quarto, enquanto isso, a criança para não atrapalhar é estimulada a ficar no celular jogando os jogos fantásticos, mirabolantes, inventados para ocupar-se das brincadeiras infantis. É televisão para todo lado, celular para se ocupar e já não há tempo para o pensar, nem para ler e nem para sonhar até já esqueceu que dia é hoje!

Viveram e conviveram numa região de clima quente e perto da praia.

Passou um tempo e a empresa que cada um deles trabalhava, havia programado enviarem alguns funcionários para um país de clima naquela época do ano de muito frio.

Portanto cada um teria de fazer uma viagem para participar de um congresso, e ambos foram designados por suas respectivas empresas sem que soubessem onde seria, e um ao outro também não se comunicaram, até porque nem sabiam os detalhes e não tinham muita certeza e nem tiveram tempo para trocar maiores informações.

Até imaginavam que iriam cada um para região diferente, até porque exerciam profissão diferente e trabalhavam em empresas diferentes, mas ambos foram para uma região fria, sem se aperceber e se comunicar na viagem programada, sem imaginar que poderiam se reencontrar.

A empresa sempre tinha trabalhos, pesquisas, palestras, cursos para ser feitos em outras cidades e até outros países e, sem que ambos soubessem ou imaginassem a tamanha coincidência as empresas haviam programado e cada um deles haveria de fazer num determinado período participar de uma conferencia em um determinado país.

E os dois levaram roupas para inverno e com roupas que cobririam todo o corpo, tal o clima da região de muito frio e nevada, eles pareciam até desconhecidos ou eram?

Encontraram-se na tal cidade e depois de algum tempo iniciaram uma conversa ao vento e fora uma conversação polida, e bem educada e vão se descobrindo que ambos vieram para essa cidade viajando pelo mesmo trem e embarcaram na mesma estação, viajou no mesmo vôo e surpreendentemente, na conversa descobriram que residiam no mesmo endereço e o mais interessante, viviam no mesmo prédio, e o mais surpreendente, é que tinha a mesma filha, que ficará com a avó. E finalmente descobrem-se maridos e mulher!

Neste dia talvez tenha sido reservado pelos anjos, porque neste dia mudaram toda a rotina programada, resolveram então, que deveria ficar no mesmo quarto de hotel e antes de irem para a cama, tomaram um vinho do porto e finalmente, sem televisão ligada pro nada, ali naquele quarto de hotel e sem ligar celular por nenhum lugar nem mesmo celular à mão; fizeram muitas brincadeiras naquele quarto de hotel e ai os corpos se juntaram não por obrigação e nem necessidades foi uma contemplação da reinvenção na paixão e o sexo veio completar-se num orgasmo nunca antes festejado. Salve o dia dos namorados.

Quem sabe quando voltar para casa o transforme em um lar com controle sobre os aparelhos eletrônicos e conviver mais o convívio familiar no sentar-se a mesa para a refeição e não comer mais como animal irracional e sim imitar os da santa ceia.

E a filha não precisar mais ansiar pelo amanhã do que será, mas viver intensamente o presente como presente, e poder compartilhar no lar a vida, como menina infantil com pais a compartilhar o humano viver.

Nossa existência torna-se cada vez mais solitária, mais cachaças para enganar-se fugindo da solidão, e na medida em que ficam mais numerosas as tecnologias como televisores, computadores e celulares que nos embotam, nos vigia e nos controlam.

As famílias já não são mais as mesmas, de outros tempos, os valores mudaram de endereço, e nem se encontra mais facilmente às vezes procurando de lupa até se vê em algum endereço, mas é raridade! A família na maioria das vezes é ausente nas suas responsabilidades ou mesmo presença física e quando presente fisicamente está ausente espiritualmente.

A tecnologia trouxe novas formas de comunicação, a televisão, e os aparelhos mais modernos; como os celulares que ocuparam o lugar da fala, do ouvir sem ser apenas o escutar, transformando e ajudando a aumentar os valores materiais em desequilíbrio ao espiritual.

E sem o equilíbrio alma/corpo, a matéria se sobrepondo fica-se como qualquer outro animal e até parece com os irracionais!

Vejam nestes tempos modernos a ansiedade, é o maior descalabro que vivemos por conta dessas mudanças de valores modificados e aceitos como sendo evolução. Apesar ou o pesar de todos os meios de comunicação e cada vez mais desenvolvidos, abandonando de todos os lados a comunicação individual tornou-se extremamente difícil e a alienação é o maior resultado. Qual a realidade interior dos humanos numa sociedade que cada vez mais se materializa e consequentemente a queda dos valores espirituais?

Vivemos numa época em que o individualismo ganha força em uma sociedade como a nossa de pura competição estimulada, e muito pela programação permissiva da televisão, cada um por si, e o valores materiais se sobrepõe a qualquer outro valor e com isso, a desigualdade social cresce a níveis assustadores onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

O povo perde a esperança em qualquer salvação, o número de pessoas deserdadas é cada vez maior, e em qualquer cidade, particularmente nas grandes metrópoles como São Paulo a coisa é assustadora o número de moradores de rua é de chorar de tantos molambentos, neste frio cinzento que faz doer de dó qualquer passante!

este texto esta embutido em um contexto que pretendo talvez publicar. irineu