Gavetas Fechadas

Foi só piscar o olho que ela se apaixonou enfim. O sentimento mais novo que ela poderia sentir. Aquilo estava mesmo sendo recíproco? As vezes essa dúvida batia, mas com certeza era algo comum entre garotas daquela idade, sentir insegurança. Ela não sabia o que sentia.

O sentimento bateu e assim se foi com o vento da praia. Fazia alguns anos que aquele romance havia acabado. É claro que não era real, não era reciproco de ambas as partes. Não era para durar, para ser e acontecer. Acabou como uma tempestade de verão, acontecendo na estação errada.

A gaveta daquele garoto, por quem ela algum dia teria tido afeto, estava bagunçada, ele tentava arrumar, mudava de lugar algumas certezas, para não se magoar. Nunca havia amado a garota. Não entendia seus sentimentos, porém pelo menos havia sido sincero por fim, para acabar com aquele relacionamento.

A gaveta daquela garota estava limpa, com flores e música. Ela não sabia o que sentia, mas adoraria poder sentir.

Quando algo assim acontece, não termina em algo bom.

Não é verdade quando nos contos dizem que opostos se atraem, pois opostos de verdade nunca se encontram.

E ali naquela praia, estavam frente a frente, mais uma vez.

O garoto estava com outra. A garota não sabia se aquela era sua namorada de uma noite, ou algumas semanas como ela havia sido. No fundo aquilo não importava, mas ela gostaria de saber mesmo assim

As duas assim viraram amigas de praia, se conheceram e se simpatizaram.

“Você é linda!”, “Não, você que é linda” diziam uma para outra.

O garoto ouvia, mas não dizia.

A noite chegou e todos deveriam ir embora. O garoto se despediu da garota com um abraço forçado, e saiu com a outra.

A garota escapou de um abraço e a abraçou a “namorada” do outro.

Todas as gavetas estavam fechadas.

Isabela Nóbrega
Enviado por Isabela Nóbrega em 28/06/2016
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