CAROLINA, AMIGA DE FORMIGA

A pequena Carolina encontrou uma formiga no parque. Fascinada com a pequena criatura, seguiu-a com o olhar por alguns minutos, assistindo o seu caminhar. Um tanto destemida (afinal, para uma menina de 5 anos, tem de ser destemida a pessoa que apanha qualquer inseto na mão), Carolina esticou seu dedo em direção à formiguinha, que, rapidamente e sem rodeios o escalou sem medo. A menina abriu um sorriso, encantada! A sua nova amiga caminhava por dedos, unhas, mãos, contornando aqui e ali, talvez a procura do que explorar, e Carolina a transportava de uma mão à outra, divertida.

A mãe de Carolina percebeu e indagou:

- O que é isso, Carolina?

- Uma formiga!

A mãe riu-se.

- Isso, posso ver. O que está fazendo, menina? Deixa a formiga seguir seu caminho!

- Não, mamãe. Ela é minha amiga!

A mãe achou mais graça.

- Como pode ser amiga de formiga, Carolina?

- Veja! Ela nem me morde... Ela gosta de mim...

- Já está brincando com ela há um bom tempo. É hora de colocá-la no chão e deixá-la seguir de volta pra casa...

- Não, mamãe! Vou levá-la para a “minha” casa.

- Não acho que vai dar, Carolina... – mas a mãe, diante das súplicas da filha, resolve, compadecida: - Muito bem, vou colocá-la dentro deste copo. – e apanhou um copo de plástico de dentro de sua mochila de mãe (e mochila de mãe tem de tudo até copos de plástico com tampa). Delicadamente, empurrou o bichinho para dentro do copo de plástico e tampou. Seguiram de volta para casa e Carolina segurava o copo como se fôsse seu precioso bem.

Em casa, Carolina carregava o copo para todo o lado, observando, de tempos em tempo, a formiguinha a passear dentro dele. A menina aproximou-se da mãe e disse:

- A formiga está com fome. O que posso dar para ela?

A mãe quis rir, mas conteve-se.

- Formigas gostam de coisas dôces. Elas gostam de açúcar... Muito bem, - disse afinal, convencida pelo olhar de ternura da filha. – vamos colocar um pouco de açúcar dentro do copo.

Carolina ficou feliz! Sua formiguinha fôra alimentada e passeava dentro do copo e por sobre a pequena porção de açúcar. Sua mãe observava de longe, pensando consigo mesma: “tenho que arrumar um bicho de estimação para Carolina!”. Todavia, entre uma tarefa doméstica e outra, esqueceu-se da filha que brincava feliz com a nova amiga, até que ouviu a torneira do banheiro aberta. Correu para ver e Carolina havia enchido o copo de água. A mãe perguntou surpresa:

- O que está fazendo, Carolina? – a pia e o chão do banheiro estavam molhados.

- Ela estava com sêde...

A mãe riu-se e apanhou o copo depressa, cheio pela metade com água. A formiga se debatia dentro dele.

- Carolina, querida, formigas não bebem água assim... pelo menos não tanta água. E também não sabem nadar... filha, ela está se afogando. – dizendo isso, ela tirou a água de dentro do copo, com cuidado, e pôs a formiga, molhada, quase imóvel, em cima da pia.

- Você está bem? Está bem? – Carolina perguntou à formiga, olhar apreensivo, preocupada.

A mãe secou o copo e colocou a formiga de volta dentro dele. Carolina continuou a carregar o copo para todo lado durante o resto da tarde.

À noite, quando o pai chegou do trabalho, a menina Carolina correu para os braços dele, sorridente.

- Papai, eu tenho uma formiga...

- É mesmo, minha filha? E onde ela está? – perguntou o pai interessado, piscando para a mulher, já sabendo da novidade, visto que a mãe o telefonara avisando sobre o novo bicho de estimação da filha.

- Eu não sei... eu a perdi... – Carolina disse entristecida. Ganhando novo ânimo, perguntou feliz: - Me ajuda a encontrá-la?