Um coelho no dentista !!!

Morava em um condomínio de apartamentos no Jardim da Saúde, na zona Sul de São Paulo, e como tinha cinco filhos estava sempre levando ou buscando algum deles na escola ou em outros cursos e afazeres escolares, então saia muito de casa. A dentista que nos atendia era na rua vizinha ao prédio, isto facilitava, pois meus filhos maiores usavam aparelhos nos dentes e iam sozinhos ao consultório.

Na páscoa daquele ano, meu filho Mauro ganhou aquele tal coelhinho branquinho e lindo como um chumaço de algodão e que depois de dois meses se tornou um coelho enorme e roedor de tudo que encontrava... Eu não conseguia achar uma forma de dar um fim no bichinho sem deixá-lo enlouquecido pela atitude. Comprei uma gaiola maior e, quando ele chegava da escola, descia no condomínio que era uma quase floresta e passeava com seu bicho de estimação por um longo período... Mas no apartamento o bichinho só podia ficar na gaiola e na área de serviço.

Um belo dia, colocaram a gaiola em cima da máquina de lavar roupa e não sei como ela despencou fazendo o coelho quebrar os dois dentes da frente. Meu filho não teve dúvidas, enrolou o coelho em uma toalha como se fosse um bebê e o levou na dentista ao lado.

Ela perdeu a voz quando o viu em prantos na sala de espera, pedindo por favor para que ela emendasse o dente do coelho... A cena lhe comoveu, pois ele tinha apenas sete anos, mas parecia um pequeno gigante abraçado com aquele bichinho e implorando ajuda... A única solução que no momento lhe veio na cabeça foi dar a ele um remédio infantil em gotas e dizer a ele que o dente cresceria outra vez com aquelas gotinhas e ele acreditou.

Logo em seguida ela me telefonou contando o acontecido e me dizendo que o coelho iria morrer, pois não se alimentaria mais sem os dentes e que ela nada poderia fazer. Pensei em diversas atitudes diferentes para dar fim ao bichinho, mas nada funcionava... Passado uns dias ele soltou o bichinho no jardim do condomínio para tomar sol e ele simplesmente sumiu! Meu filho ficou inconsolável...

Nunca soube o paradeiro do coelho, mas óbvio que ele não durou muitos dias, para mim foi um alívio, pois não precisei assistir a dor do meu filho em ver o seu tão amado coelho morrer aos poucos... Achei que nunca mais passaria por isso até minha neta com cinco anos também ganhar um lindo coelhinho branco na páscoa e ele virar um imenso coelho roedor de tudo...E agora fazer o que dizia eu !!!

Mas este final foi melhor, levamos o bichinho para uma casa de veraneio, onde já tinha um gato meio fujão, os dois até que se davam bem, mas um dia nenhum dos dois apareceram mais, então a história que ficou foi que eles fugiram para se casarem e construir uma família...Minha neta se conformou e eu fui feliz para sempre...

Walquiria
Enviado por Walquiria em 04/10/2016
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