MULHER DA TINTA

Aquela mulher, quando pequena...

Era uma serena menina, não pintava

Não imaginava e nem sabia...

Que um dia ela poderia ser como onça...

Pintada. Os dias passavam as horas voavam

e a menina crescia... E as coisas da vida

... A inocente moça, conhecer queria.

Não é de vê, que um dia sem saber

a moça se transformou em mulher!

Mulher sem asa, mas com vontade de voar.

Começo a achar que estava atrasada

Um dia, essa mulher, partiu pelas estradas

Com sonho de conhecer gente, iniciou a pé

A sua desconhecida jornada...

Deixou para traz, todos os seus parentes

Agora ela crescida, acunhava na vida.

A vontade era a sua sede, e corria com

toda presa de beber água, água do conhecer

... E conheceu a noite a escuridão da vida

E nisso também, conheceu coisas erradas.

Descobriu a tinta. Achou que vivia desbotada

e resolveu a se pintar e apresentar-se...

como uma... Mulher pintada.

Ela já não era assim tão distinta

E já conhecia todas as cores das tintas loucas

E um dia na boca da noite, com sua cor grená

resolveu pintar a sua boca...

Pintar de acordo com a sua vontade e jeito

E da sua maneira com o seu tom, a mulher

enfim se enfeitou.

Na boca passou batom, vermelho de arromba

Como quem diz... Quem me procurarme ache...

Nas sobranceias, rascunhou com lápis

Abaixo das pálpebras, fez as suas sombras

E com pincel... Nos cílios passou rímel

Em volta do olhar, pra demarcar tacou... Delineador.

E lá estava à mulher tal qual como...

Onça do mato, toda pintada!

Faceira se parecendo arisca, toda treiteira!

Uma hora na beira da pista, outra hora na praça

... Vestes curtas, seios a vistas... Uma graça

Sob as luzes... Partia para a feira, vender amor

Mas não vendia de graça.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 22/10/2016
Código do texto: T5799709
Classificação de conteúdo: seguro