Embelezador

Entrou mal humorado, puxou a cadeira, arrastando. Sentou jogando todo peso do corpo. A cabeça doía, tinha discutido rispidamente no trabalho. Ora se pudesse daria um tapas no Roberval. Sim, maldito puxa saco. Enquanto ele se desdobrava para as coisas andarem na repartição, o outro só aparecia nas boas horas. Quando a empresa se destacava, o cretino corria para mostrar para o chefe os gráficos positivos, recebendo ele os elogios, e uma promessa de uma futura promoção. Já pela manhã tinha discutido com a patroa, quando a filha passou no corredor, ele enxergou algo que brilhava no umbigo dela. Puxou a menina pelo braço, era um piercing. Ora a menina só tinha onze anos. Falou poucas e boas para a patroa. Avisou se a menina aparecesse grávida, colocaria as duas para fora. Saiu de casa com a mulher tacando um sapato em cima dele, que desviou por pouco do objeto. Olhou em volta, era um barzinho muito do mixuruca, um par de bêbados na mesa ao lado, e um trio de mulher feia no fundo. Olhou com cara feia para os homens da mesa ao lado, olhou em volta, viu o dono do boteco limpando o balcão, gesticulou nervosamente chamando o dono do bar. O homem veio enxugando com as costas da mão o suor que escorria pela testa. Pediu com mau humor uma dose de conhaque e uma cerveja. Assim que a bebida chegou a mesa, virou o conhaque de uma vez só, encheu o copo de cerveja, e bebeu em goles grandes. Olhou mais uma vez em volta. Ora, o barzinho não era tão ruim assim, encheu outro copo e virou, limpou a boca com a mão. Olhou para a mesa ao lado e cumprimentou os dois bêbados, levantando o copo e fazendo um sinal de positivo, que os dois homens nem perceberam. O homem pediu outra cerveja, bebeu uma, duas, três. Ora, pensando bem o dia não estava tão ruim assim, e só agora tinha reparado, tinha três meninas bonitinhas, sentadas no fundo do bar.

Wilson Ataliba
Enviado por Wilson Ataliba em 13/11/2016
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