O homem e o gato
Acordou cedo, estava planejando aquela feijoada há dias. A casa era humilde, de tijolo sem
emboço, e coberta com telha de amianto. Logo cedo estava de pé, assobiava feliz enquanto
colocava a calça surrada pelo tempo, foi ao galão e tirou uma caneca de água, lavou o rosto e se
olhou no pedaço de espelho, que ficava ali mal acomodado em cima da pia do banheiro. Saiu em
direção ao açougue de seu Adamastor e comprou os miúdos, orelhinha, costelinha e etc. Saiu
resmungando, jurando que o velho tinha lhe roubado no peso. Colocou as moedas no bolso e
subiu de novo o morro. Já na cozinha, não pensava mais no "roubo", assobiava de novo, numa
alegria sem igual. Separava as panelas e lavava as carnes, catou o feijão, tinha cada pedregulho
imenso, jogou tudo no fogo, em pouco tempo o cheiro bom invadia toda a casa. Agora sim estava
pronto. Separou o melhor prato (aquele que era o menos encardido) e o melhores talheres,
encheu o prato quase ao ponto de transbordar, e já ia dando a primeira garfada, quando lembrou
da geladinha. Levantou e foi no botequim do Seu Manoel, encostou a porta mas deixou a janela
aberta. Comprou duas cerveja e voltava feliz, quando entrou na casa viu um gato em cima da
mesa, comendo a carne do prato.
__ A desgraçado, comendo minha carne. Mas você vai ver só.
Fechou a janela devagar, entrou pisando leve, aí bateu a porta com violência.
__ Aha, agora e o ti pego!
O gato assustado e acuado sem ver saída, esticou as unhas e voou na cara do homem, o homem
com o gato grudado na cara abriu a porta desorientado, o gato correu para um lado e o homem
aos gritos correu para o outro.