Café de todas as manhãs
Daqui do quarto já consigo sentir o cheiro forte e consistente do café.
Grito para a mamãe que se encontra na cozinha a fim de saber se o café finalmente está pronto.
- Está quase lá meu filho, ela responde.
Daqui do quarto consigo sentir, através daquele delicioso cheiro; que o café, noivo da água quente, se casou. E o amor se manifestou pelo coador.
Daqui do quarto pude escutar a mamãe enroscar a tampa da garrafa.
O banquete estava sobre a mesa: café, pão e manteiga.
Que maravilhoso banquete! Eu elogiava. Só faltou um cigarro! Eu resmungava. Mas fazia de propósito, já que, mamãe não deixava entrar fumos e bebidas alcoólicas em casa.
Após o resmungo, mamãe me fitou aquele olhar. Aquele olhar que só os fumantes sabem.
Todavia, eu gostava de irritar.
Sobre a mesa, de frente à mamãe comentei:
Mais um dia se faz nascer, depois de uma noite de morte. Mais um dia para poder fazer diferente, fazer melhor do que era ontem.
Mamãe, sempre concordava.
- É... dizia ela.
Depois do gole de café, mamãe foi para o banho e eu fui colocar o uniforme, assim como ela o fez após o banho.
Abri a porta.
- Pode passar mamãe, eu disse.
- Obrigada filho, ela respondeu.
Ao trancar a porta ainda persistia o perfume do que foi o café. Uma lembrança inesquecível. Permanecia parado ali a cheirar.
- Vamos, estamos atrasados apressava mamãe.
Fechei a porta rapidamente. Eu e mamãe fomos trabalhar.