Sal
O trânsito em Manhattan estava ruim naquela quinta-feira, e chegamos em casa pouco antes das 8:30 da noite. Eu preparei dois gim-tônica e ela ligou a TV na NBC. Quando voltei à sala com os dois copos, encontrei-a refestelada no sofá, já sem os sapatos, olhos grudados na TV.
- O que está vendo?
- Eu não sei bem... já havia começado - pegou o drinque sem sequer desviar os olhos da TV.
Sentei-me ao lado dela. Na tela, três homens em uniformes futurísticos conversavam com um casal de meia-idade. A mulher agia de modo estranho...
- Veja só... cada um deles a vê de forma diferente! - Exclamou ela.
- É um seriado de ficção científica? - Indaguei, intrigado.
Na tela, a mulher levou a mão a boca, como se quisesse lamber os dedos.
Ao meu lado no sofá, minha acompanhante sorria. Tomou um gole de gim-tônica.
- Do que está rindo? - Perguntei.
- Você não vê? Ela é um vampiro!
E, à luz que vinha da TV, seus olhos e dentes brilhavam de modo surreal.
[16-01-2017]