Ontem, Hoje, Amanhã

São seis da manhã. O sol, aquece meu quarto. Penso em breve trocar minha cortina. Quem sabe por um blackout.

Um dia a mais para recomeçar. Minha noite de sono, minha morte. Outra vida.

O desânimo aflora em meu peito, o motivo: desemprego.

O que é do homem sem trabalho, senão escravo dos afazeres domésticos.

Levanto-me. Coo o café. Assisto o jornal. Enquanto assisto a dor do mundo a tristeza compete com a depressão. Não sei qual o pior. Não sei nem qual sentimento experimentar neste momento. A única coisa que sei, de certeza, é que daqueles sentimentos; de nenhum tenho desejos.

Hora do almoço. Começo a cozinhar. Tá aí, minha terapia de todo o dia: cozinha. Sim!

Começo pelo alho, descasco, amasso, destruo! Mas não o suficiente que eu não possa vê-lo, ou comê-lo ou senti-lo. Adoro alho, para ser honesto.

Água pra ferver, panela pra esquentar, arroz pra refogar. São onze horas. Cedo demais. Nada mais sobre meu almoço para declarar.

Depois do almoço. Leio algum livro, filosofia, romance, ou até mesmo economia. Mas filosofia me preenche mais. Na filosofia me sinto mais que vivo!

Viajo em minhas ideias e penso que um dia gostaria de devorar toda a antropologia.

Como é interessante ser um ser pensante. Quero estímulo! Mais leitura até às quatro da tarde.

Quatro da tarde; pego alguma fruta. Dou uma saída; caminhar pelas ruas da vida. Pássaros não se cansam e a brincadeira continua neste céu maravilhoso. Agradeço a Deus que, pelo menos, tenho a natureza para apreciar, dentre outras coisas. Que bom ser parte deste Todo.

É nesta mesma natureza que encontro minha alma, refletida nas árvores, no vento, nos pássaros.

Sabe que é? É que neste momento, precisamente, não sinto mais nenhuma preocupação. Nenhum desespero com o desemprego.

Ou, sejamos sinceros; nenhuma preocupação no que concerce ao mundo físico, objetivo. Não encontro sentido.

Retorno às seis da noite. O clima está fresco, apesar que nesta cidade o clima costuma ser bem quente. Que coisa! Como pode né?

Enfim, gosto desta cidade mesmo assim.

Tomo um banho, gelado de preferência. A água, quando fria, faz meu corpo reagir, trabalhar. Se é bom? Deixo isto para os médicos e supersticiosos. Eu gosto deste jeito.

E poderia contar nos dedos os meses que não adoeço. Percebo que o segredo, que não é segredo algum, é ter a consciência limpa.

É cuidar da mente sim! E a alma agradece.

A noite, normalmente esqueço meus anseios. Minha respiração é mais lenta. Estou na paz, estou comigo mesmo.

Sabe, tenho um violão. Gosto de compor músicas que desconheço. Gozado isso! Prefiro nylon em vez de metal.

Nylon tem um som doce, suave, que penetra o ouvido de forma que não o machuca, de preferência quando dedilhado.

Indicaria Matt Elliott. Ou Damien Rice. Ou nossos grandes brasileiros e brasileiras como Cícero, Djavan, Tom Jobim, Adriana Calcanhoto e outros e outras mais!

Bem, de volta ao raciocínio. Das notas que conheço, poucas são. Contudo, me esforço para que delas soem; os lindos sons que há dentro de mim.

Após a composição, concluo; eu não devo ser tão feio assim. Que bom!

A-ha! Aposto que imaginaram: e que horas escreve?

Escrevo toda hora. Pois, não adormeço meus pensamentos e não tenho o luxo de deixá-los adormecer. A vida, afinal é esta né? Sempre viva!

Mesmo com esta coisa de desemprego. Estou empregado!

E eu sou o patrão de mim mesmo. O dono e o responsável.

Não existe tamanha alegria.

Confesso, não sei como deveria terminar isto.

Talvez este seja o fim ou deveria:

Obrigado ó Deus, mais um dia de vida!

Onze da noite. Fui dormir.

Thiago Salvador
Enviado por Thiago Salvador em 02/03/2017
Reeditado em 10/03/2017
Código do texto: T5928157
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