Idade Velha

Idade Velha

De Anton Chekhov.

Tradução de língua russa para língua inglesa.

De Constance Garnett.

De https://ebooks.adelaide.edu.au/c/chekhov/anton/horse-stealers/chapter7.html .

Tradução de língua inglesa para língua portuguesa do Brasil.

De Herculano de Lima Einloft Neto.

Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2017.

Uzelkov, um arquiteto com o posto de conselheiro civil, chegou em sua cidade natal, à qual ele tinha sido convidado para restaurar a igreja no cemitério. Ele tinha nascido na cidade, tinha ido à escola, tinha crescido e casado nela. Mas quando ele saiu do trem ele dificilmente a reconheceu. Tudo estava mudado....Dezoito anos antes quando ele tinha se mudado para Petersburgo os garotos de rua costumavam pegar marmotas, por exemplo, no ponto onde agora a estação ficava; agora quando um dirigia para dentro da rua chefe, um hotel de quatro andares ficava de pé encarando um; em velhos dias havia uma cerca cinza feia justamente ali; mas nada -- nem cercas nem casas -- tinha mudado tanto quanto as pessoas. De seus inquirimentos do garçom de hotel Uzelkov aprendeu que mais de metade das pessoas de que ele se lembrava estavam mortas, reduzidas a pobreza, esquecidas.

"E você se lembra de Uzelkov?" ele perguntou ao garçom velho sobre ele mesmo. "Uzelkov o arquiteto que se divorciou de sua esposa? Ele costumava ter uma casa em Rua Svirebeyevsky...você deve lembrar."

"Eu não me lembro, senhor."

"Como é que você não se lembra? O caso fez uma grande quantidade de barulho, mesmo os cocheiros todos sabiam sobre ele. Pense, agora! Shapkin o advogado gerenciou meu divórcio para mim, o cafajeste... o trapaceiro notório, o companheiro que obteve um espancamento no clube...."

"Ivan Nikolaitch?"

"Sim, sim.... Bem, está ele vivo? Está ele morto?"

"Vivo, senhor, graças a Deus. Ele é um notário agora e tem um escritório. Ele é muito bem de vida. Ele tem duas casas em Rua Kirpitchny. . . . Sua filha se casou no outro dia."

Uzelkov andou para cima e para baixo do quarto, pensou um pouco, e em seu tédio decidiu ir e ver Shapkin em seu escritório. Quando ele andou fora do hotel e passeou lentamente para Rua Kirpitchny era meio-dia. Ele encontrou Shapkin em seu escritório e apenas o reconheceu. Do uma vez bem-feito, hábil advogado com uma face insolente, móvel e sempre bêbada Shapkin tinha mudado em um homem velho decrépito, de cabeça cinza, modesto.

"Você não me reconhece, você me esqueceu," começou Uzelkov. "Eu sou seu velho cliente, Uzelkov."

"Uzelkov, que Uzelkov? Ah!" Shapkin se lembrou, reconheceu, e foi golpeado todo de uma pilha. Se seguiram uma fartura de exclamações, questões, recordações.

"Isso é uma surpresa! Isso é inesperado!" tagarelou Shapkin. "O que posso eu lhe oferecer? Você gostaria de champagne? Talvez você gostaria de ostras? Meu caro companheiro, eu tive tanto de você em meu tempo que eu não posso lhe oferecer qualquer coisa igual à ocasião...."

"Por favor não se incomode ..." disse Uzelkov. "Eu não tenho tempo nenhum de sobra. Eu preciso ir imediatamente para o cemitério e examinar a igreja; eu tenho empreendido a restauração dela."

"Isso é capital! Nós iremos ter um lanche e uma bebida e dirigir juntos. Eu tenho cavalos capitais. Eu irei o levar lá e o introduzir ao administrador de igreja; eu irei o arranjar tudo.... Mas por que é, meu anjo, você parece estar com medo de mim e me manter à distância de um braço? Se sente um pouco mais perto! Não há motivo para você ter medo de mim hoje em dia. He-he!...Em um tempo, é verdade, eu era uma lâmina esperta, um cão de um companheiro...ninguém ousava se aproximar de mim; mas agora eu sou mais quieto do que água e mais humilde do que o capim. Eu envelheci, eu sou um homem de família, eu tenho filhos. É tempo que eu fosse morto."

Os amigos almoçaram, tiveram uma bebida, e com um par de cavalos dirigiram fora da cidade para o cemitério.

"Sim, aqueles eram os tempos!" Shapkin rememorou enquanto ele sentava no trenó. "Quando você se lembra deles você simplesmente não pode acreditar neles. Você se lembra como você divorciou de sua esposa? É quase vinte anos atrás, e eu ouso dizer que você esqueceu tudo isso; mas eu lembro disso como se eu tivesse divorciado você ontem. Bom Senhor, que grande quantidade de preocupação eu tive sobre isso! Eu era um companheiro perspicaz, traiçoeiro e esperto, um caráter desesperado....Algumas vezes eu estava queimando para tentar resolver algum negócio melindroso, especialmente se a taxa fosse uma boa uma, como, por exemplo, em seu caso. O que você me pagou então? Cinco ou seis mil! Isso foi válido de tomar problema para, não foi? Você foi fora para Petersburgo e deixou a coisa toda em minhas mãos para fazer o melhor que eu podia, e, embora Sofya Mihailovna, sua esposa, vinha somente de uma família mercadora, ela era orgulhosa e dignificada. A subornar para tomar a culpa sobre ela mesma foi difícil, terrivelmente difícil! Eu iria ir para negociar com ela, e tão cedo quanto ela me via ela chamava para a sua criada: 'Masha, não lhe disse eu para não admitir esse salafrário?' Bem, eu tentei uma coisa e uma outra.... eu lhe escrevi cartas e maquinei para a encontrar acidentalmente -- isso não foi de uso nenhum! Eu tive de agir através de uma terceira pessoa. Eu tive uma grande quantidade de problema com ela por um longo tempo, e ela só cedeu quando você concordou em lhe dar dez mil. . . . Ela não podia resistir a dez mil, ela não podia aguentar....Ela gritou, ela cuspiu em minha face, mas ela consentiu, ela tomou a culpa sobre ela mesma!"

"Eu achava que tinha sido quinze mil que ela tivera de mim, não dez," disse Uzelkov.

"Sim, sim. . . quinze -- eu cometi um erro," disse Shapkin em confusão. "Está tudo acabado e feito com, contudo, não é de uso o esconder. Eu dei a ela dez e os outros cinco eu peguei para mim. Eu enganei vocês dois.... Está tudo acabado e feito com, não é de uso ter vergonha. E de fato, julgue por você mesmo, Boris Petrovitch, não era você a pessoa mesma para eu tirar dinheiro fora de? . . . Você era um homem rico e tinha tudo que você queria....Seu casamento era uma extravagância inativa, e assim também foi seu divórcio. Você estava fazendo uma grande quantidade de dinheiro.... Eu lembro que você fez um lucro de vinte mil sobre um contrato. A quem deveria eu ter tosado senão você? E eu preciso confessar que eu invejava você. Se você pegava qualquer coisa eles tiravam seus chapéus para você, enquanto eles iriam me espancar por um rublo e me dar um tapa na face no clube....Mas aí está, por que o relembrar? É tempo de o esquecer."

"Me diga, por favor, como Sofya Mihailovna progrediu depois?"

"Com os dez mil dela? Muito mal. Deus sabe o que foi -- ela perdeu sua cabeça, talvez, ou talvez seu orgulho e sua consciência a atormentaram em ter vendido sua honra, ou talvez ela amava você; mas, sabe você, ela deu para beber.... Tão cedo como ela obtinha seu dinheiro ela estava fora dirigindo por aí com oficiais. Foi embriaguez, dissipação, debocheira....Quando ela ia para um restaurante com oficiais ela não se contentava com vinho do porto ou qualquer coisa leve, ela precisava ter conhaque forte, coisa fogosa para a estupefazer."

"Sim, ela era excêntrica.... Eu tive uma grande quantidade para tolerar dela...algumas vezes ela iria tomar ofensa em alguma coisa e começar a ser histérica. ...E o que aconteceu depois?"

"Uma semana passou e depois uma outra....Eu estava sentado em casa, escrevendo alguma coisa. Toda de uma vez a porta abriu e ela andou para dentro...bêbada. 'Tome de volta seu dinheiro amaldiçoado,' ela disse, e atirou um rolo de notas em minha face.... Então ela não podia o manter. Eu peguei as notas e as contei. Estavam faltando quinhentos para os dez mil, então ela só tinha conseguido ir através de quinhentos."

"Onde você pôs o dinheiro?"

"É tudo história antiga...não há razão para o ocultar agora.... Em meu bolso, de curso. Por que você olha para mim assim? Espere um pouco pelo que irá vir mais tarde.... É um romance regular, um estudo patológico. Um par de meses depois eu estava indo para casa uma noite em uma condição bêbada torpe....Eu acendi uma vela, e olhe e contemple! Sofya Mihailovna estava sentada em meu sofá, e ela estava bêbada, também, e em um estado frenético -- tão selvagem como se ela tivesse corrido fora de Bedlam. 'Me dê de volta meu dinheiro,' ela dizia, 'Eu mudei de ideia; se eu preciso ir a ruína eu não irei o fazer por metades, eu irei ter minha folgança! Seja rápido, seu salafrário, me dê meu dinheiro!' Uma cena ignominiosa!"

"E você... o deu para ela?"

"Eu lhe dei, eu me lembro, dez rublos."

"Oh! Como pôde você?" gritou Uzelkov, franzindo as sobrancelhas. "Se você não podia ou não iria ter o dado a ela, você podia ter escrevido para mim.... E eu não sabia! Eu não sabia!"

"Meu caro companheiro, que uso iria ter sido para mim escrever, considerando que ela escreveu para você ela mesma quando ela estava jazendo no hospital depois?"

"Sim, mas eu estava tão tomado acima então com meu segundo casamento. Eu estava em tal um turbilhão que eu não tinha nenhuns pensamentos de sobra para cartas....Mas você era um forasteiro, você não tinha nenhuma antipatia por Sofya . . . por que você não lhe deu uma mão de ajuda?..."

"Você não pode julgar pelos padrões de hoje, Boris Petrovitch; isso é como nós olhamos para a coisa agora, mas ao tempo nós pensávamos muito diferentemente....Agora talvez eu iria lhe dar um milhar de rublos, mas então mesmo essa nota de dez-rublos eu não dei a ela por nada. Foi um mau negócio!... Nós precisamos o esquecer. ...Mas aqui estamos nós...."

O trenó parou aos portões do cemitério. Uzelkov e Shapkin saíram do trenó, foram para dentro no portão, e andaram acima uma avenida larga, longa. As cerejeiras e acácias desfolhadas, as cruzes e pedras tumulares cinzas, estavam prateados com geada, todo grão pequeno de neve refletia o dia ensolarado, brilhante. Havia o cheiro que sempre há em cemitérios, o cheiro de incenso e terra cavada recentemente....

"Nosso cemitério é um bonito," disse Uzelkov, "um jardim e tanto!"

"Sim, mas é uma pena que ladrões roubem as pedras tumulares.... E para lá, além daquele monumento de ferro na direita, Sofya Mihailovna está enterrada. Você gostaria de ver?"

Os amigos viraram para a direita e andaram através da neve profunda para o monumento de ferro.

"Aqui está," disse Shapkin, apontando para uma placa pequena de mármore branco. "Um tenente pôs a pedra sobre o túmulo dela."

Uzelkov lentamente tirou seu chapéu e expôs sua cabeça calva ao sol. Shapkin, olhando para ele, tirou seu chapéu também, e outro pedaço calvo cintilou na luz solar. Havia a quietude da tumba toda em volta como se o ar, também, estivesse morto. Os amigos olhavam para o túmulo, ponderavam, e não diziam nada.

"Ela dorme em paz," disse Shapkin, quebrando o silêncio. "Não é nada para ela agora que ela tomou a culpa sobre ela mesma e bebeu conhaque. Você precisa confessar, Boris Petrovitch ...."

"Confessar o que?" Uzelkov perguntou tristemente.

"Por que....por mais odioso que fosse o passado, era melhor do que isto."

E Shapkin apontou para sua cabeça cinza.

"Eu costumava não pensar da hora de morte.... Eu fantasiava que eu podia ter dado pontos a morte e ter ganhado o jogo se nós tivéssemos tido um encontro; mas agora. ...Mas qual é o uso de falar!"

Uzelkov estava superado com melancolia. Ele subitamente teve um desejo apaixonado de chorar, como uma vez ele tinha desejado por amor, e ele sentia que aquelas lágrimas iriam ter gosto doce e refrescante. Uma umidade veio para dentro de seus olhos e houve um inchaço em sua garganta, mas...Shapkin estava ficando de pé ao lado dele e Uzelkov era envergonhado de mostrar fraqueza diante de uma testemunha. Ele se virou para trás abruptamente e foi para dentro da igreja.

Apenas duas horas mais tarde, depois de falar com o administrador de igreja e examinar a igreja, ele pegou um momento quando Shapkin estava em conversa com o clérigo e se apressou embora para chorar.... Ele andou clandestinamente acima para o túmulo secretamente, furtivamente, olhando em volta dele todo minuto. A placa branca pequena olhou para ele pensativamente, pesarosamente, e inocentemente como se uma menina pequena jazesse sob ela em vez de uma esposa divorciada, dissoluta.

"Chorar, chorar!" pensava Uzelkov.

Mas o momento para lágrimas tinha sido perdido; embora o homem velho piscasse seus olhos, embora ele trabalhasse acima seus sentimentos, as lágrimas não fluíam nem o inchaço vinha em sua garganta. Depois de ficar de pé por dez minutos, com um gesto de desespero, Uzelkov foi para procurar por Shapkin.

Cf. Houaiss, Avery, Dicionário Barsa.

Cf. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.

Cf. http://michaelis.uol.com.br/moderno-ingles/ .

Cf. http://www.wordreference.com/enpt/ , Dicionário Inglês-Português (Brasil).

Anton Chekhov; tradução de língua russa para língua inglesa de Constance Garnett; tradução de língua inglesa para língua portuguesa do Brasil de Herculano de Lima Einloft Neto.
Enviado por Herculano de Lima Einloft Neto em 20/04/2017
Reeditado em 10/06/2017
Código do texto: T5976205
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