Que dia!!!

Cuspiu a espuma da pasta de dente no ralo da pia, deu um sorriso e si olhou no espelho com confiança. Há tempos não acordava assim tão disposto. Sim senhor, quando acordava assim era batata, seria um ótimo dia. Colocou sua melhor camisa e passou um bom perfume, deu mais uma arrumada no topete e saiu cantarolando um sambinha antigo. Passou pela vizinha da casa da frente e deu um efusivo BOM DIA, a velha nem olhou para o lado, mas ele nem percebeu. Fez um afago no vira-lata parado na esquina, quando voltou os olhos para rua, viu seu ônibus já saindo do ponto. Deu uma corridinha e fez sinal, comprimentando com simpatia o motorista, que freio o ônibus, olhando de cara feia para o homem, subiu ainda cantarolando o sambinha. Foi sentar no ultimo banco do ônibus, rapidamente se distraindo com o movimento lá fora. No ponto seguinte subiu um homem, que logo depois anunciou o assalto.

-- Calem a boca. Quero tudo ouviu, tudo. Uma velinha tentou levantar, logo recebendo um empurrão do bandido, que a coitadinha caiu sentada. Veio catando tudo, roubou com sangue nos olhos o motorista, o pobre trabalhador tentou ponderar logo tomando um bofetão que ardeu na alma. Veio gritando e pegando carteiras e celulares, arrancou com força o cordão do pescoço da menina, que logo começou a chorar. Nosso homem sentado no ultimo banco tremia, com a carteira e o celular na mão, pronto para entregar a o meliante. O bandido vinha de cara feia, puxando com brutalidade as coisas das pessoas, parou de repente, olhou dentro de seus olhos e abriu um sorriso.

-- Rosevaldo. Quanto tempo!!! Avançou em direção a nosso homem, le dando um abraço afetuoso, que o cano da pistola esfregou contra sua orelha.

-- Não está lembrado de mim? Sou o Wanderson, que estudou com você no ensino médio no Méier. Uma lagrimas ia escorrer no rosto do bandido, que a evitou com as costas da mão.

-- Lembra da Lurdinha, aquela pequena que você namorava. Casei com ela. Puxou do bolso uma foto e mostrou ao nosso homem, que ouvia tudo assustado sem saber o que fazer.

-- Olha só o meu meninão. É ou não é uma gracinha? O homem nervosamente balançava a cabeça, concordando com o bandido.

-- Bom a conversa está muito boa, mas eu tenho que ir. Bom ti ver. já ia saindo quando nosso homem o chamou.

-- Ei a minha carteira, você não vai levar?

O homem parecia sentir-se ofendido com a pergunta.

-- Que isso, eu não roubo parceiro. E desceu dando adeus para o homem imóvel dentro do ônibus. Assim que o ônibus começou a se movimentar, todos os passageiros olharam para trás, com ar de reprovação. O homem abaixou a cabeça, com o rosto muito vermelho, mas a frente o coletivo parou o motorista pegou um cacetete que estava em baixo do banco, e foi andando em sua direção.

Wilson Ataliba
Enviado por Wilson Ataliba em 01/05/2017
Código do texto: T5987047
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