Vila do Paraibuna
Meio dia, sol a pique, suor escorrendo, sede batendo na porta e um aclive acentuado logo à frente. Havia tudo isso para impedir a mim e ao meu cavalo de continuar o nosso percurso rumo à vila. Porém, na beira da estrada de chão, uma antiga construção do início do século XVIII era bem vinda naquele momento.
Havia alguns cavalos descansando em frente à porta de entrada da venda. Amarrei o meu cavalo na estrebaria e adentrei ao recinto. Cheguei ao balcão e pedi água ao dono, que me atendeu de prontidão. Com a sede saciada, passei a olhar o local com mais atenção. Parecia ser um antigo posto de fiscalização aurífera.
- De onde vem forasteiro? – perguntou o dono.
- Venho de Barbacena.
- Do centro?
- Sim, quero conhecer a vila.
- Ah, sim, a vila. Só seguir subindo o morro aqui adiante.
- Obrigado, e até breve.
Desamarrei então meu cavalo, já descansado e nutrido como eu, e segui adiante. Olhei para o céu e algumas nuvens começaram a surgir no horizonte.
A subida era íngreme, porém, havia algo compensador. O cheiro de café fresco no ar e a proximidade do meu destino. O cheiro vinha de uma fazenda logo ao lado, onde uma plantação de café cobria o campo a minha direita.
Noticias de uma vila que aqui há, perto das fazendas de café, onde serviço era garantido na lavoura, foi um dos motivos que me trouxeram até essa aventura, e claro, a minha curiosidade de conhecer novos lugares.
Cheguei então ao topo do morro e avistei finalmente outro morro, o Morro da Boiada e logo abaixo, a Vila de Santo Antônio do Paraibuna, com sua capela imponente, carroças e pessoas, indo e vindo. Agora é só eu almoçar e trabalhar, para quem sabe, um dia, chegar ao Rio.