DE MALAS PRONTAS
No saguão da rodoviária de uma cidade interiorana, um policial diz à mulher:
“Por favor, preciso identificá-la.”
Ela olhou o policial, assustada.
“Qual é o seu nome?” Ele.
“Andreza Donato.”
“Idade.”
“Vinte e dois anos.”
“Natural de onde?”
“Sou da Capital.”
O policial anotou tudo.
“Me dê o seu R.G..”
“Mas eu acabei de me identificar!”
“Estamos fazendo um rígido controle de quem entra e quem sai desta cidade. Você não reparou o patrulhamento na estrada?”
O policial conferia os dados.
“Está tudo certo.”
“Posso ir embora?”
“Permita-me revistar a sua bagagem.”
“Nossa! O que está acontecendo?”
“Explico. O índice de criminalidade vem aumentando a cada dia nesse município. Ele recebe um grande número de pessoas vindas de outros lugares. Entre essas pessoas há muitos traficantes de droga e criminosos.”
“Mas eu não sou uma traficante e muito menos uma criminosa.”
“Compreenda, esta vistoria é de vital importância para a segurança sua, minha e de todos que moram e passam por esta cidade. Por favor, coloque sua mala em cima desta mesa.”
O policial abriu a mala e tirou tudo o que estava dentro dela. Andreza acompanhava a inspeção com um ar sério. Havia vários postos de identificação espalhados pelo local, as pessoas que passavam por lá ficavam como que sem entender o que estava a ocorrer. As roupas e alguns pertences de Andreza ficaram espalhadas sobre a mesa. Ele ainda destampou alguns frascos que estavam na mala e cheirou-os.
“Xampu, creme... tem cheiro bom!”
Andreza permanecia séria. Enquanto isso outro policial conduzia as pessoas para os demais postos de identificação e organizava as filas. Após a vistoria, o policial colocou as roupas e os pertences de Andreza de volta na mala e passou o detector de metal na moça.
“Desculpe a pequena demora, sim? Está liberada.”
A vistoria prosseguiu. Andreza saiu sem falar nada. Logo em seguida ela abriu a mala, examinou tudo e entrou na fila novamente. Quando chegou a vez dela, o policial a reconheceu.
“Você já foi vistoriada.”
“Sim, eu já sei.”
“Então por que está aqui outra vez?”
Andreza colocou a mala sobre a mesa, abriu-a e falou, delicadamente:
“Se não for muito incômodo, bem que você poderia colocar minhas roupas e meus pertences arrumadinhos e organizadinhos do jeito que estavam antes da inspeção.”