Os dois amigos e o valor de sua amizade

Os dois amigos e o valor de sua amizade

Numa pequena aldeia, bem no interior do país, com muito poucos habitantes, nasceram dois rapazes em famílias bem diferentes.

Um nasce em uma bela família com tudo o que tinha direito, outro nasce numa família onde a pobreza era tão grande que por vezes nem comida existia na casa.

A aldeia tinha poucas crianças, talvez pela imigração que sofreu pelo pouco trabalho que oferecia. Tinha um átrio grande mesmo pertinho da igreja, onde as crianças brincavam livres de qualquer perigo.

Um dos rapazes tinha o nome de Miguel e o rapaz rico era o Álvaro da Fonseca, os pais do Álvaro eram muito severos na educação do filho, nunca o deixavam brincar com as crianças da pequena aldeia. Ele tinha tudo de brinquedos mas andava sempre triste, faltava um amigo já que irmão não tinha algum.

Se via no rosto do Álvaro a tristeza, juntamente a sua falta de saúde, cada dia era persistente em seu rosto, toda a aldeia falava do menino Álvaro e com alguma pena pois os seus pais ficavam ausentes por motivos de trabalho. Um dia o Miguel estava ajudado o pai na quinta e via o Álvaro espreitando na sua janela do quarto, branco e triste, que pena ele sentiu.

Fez um gesto para que viesse cá fora, pegou numa bola e o desafiou para jogar. Sorrindo o Álvaro, quis descer contra a vontade de sua preceptora que cuidava dele e sua educação, já que a escola era bastante longe e dado já ao seu estado débil optaram pelo ensino em casa.

Um pouco contra a sua vontade deixou o menino ir brincar com o Miguel, impondo a sua presença já que estava aos seus cuidados, contente foi ter com o filho do empregado.

Quando se encontraram foi algo mágico ele gostaram um do outro dando-se tão bem, claro que jogar a bola estava fora de questão pois ele estava muito fraco, Miguel logo arranjou outras brincadeiras e o Álvaro estava encantado aqueles momentos.

Por vezes o Miguel era um ouvinte do Álvaro já que não sabia ler, entrava na biblioteca do pai e mostrava os livros, alguns tão bonitos de ilustração, lugares tão belos e pessoas diferentes, por vezes o Miguel ficava triste por não saber ler, os pais não podiam colocar na escola, ele tinha que ajudar o pai mas ele até nem se importava, o Álvaro falou que tal se aprenderes comigo nós te vamos ajudar a aprender a ler.

Engraçado a saúde de Álvaro a cada dia sofria uma melhora, os empregados viam isso a olhos vistos, era aquela amizade que estava a ajudar, tirar a tristeza que alojava no coração do Álvaro.

O Miguel adorava ir para a casa do filho do patrão por vários motivos, comia melhor e ainda levava para os irmãos que deliciam com as guloseimas que eram dadas, era lindo, para o Miguel ver a cara dos irmãozinhos para ver quem ganhavam mais que alguém, a mãe era uma mulher calma apesar da pobreza ela era meiga com os seus filhos e ficava olhando, sorrindo com atitude do filho.

O Miguel a cada se tornava mais fino, estudado mas acima de tudo ele adorava aquele amigo, os pais do Álvaro renderam a simpatia do Miguel e do bem que lhe fazia ao seu filho, viam as suas melhoras a cada dia mais e isso os faziam felizes.

O Miguel já vestia as roupas do amigo embora ficasse um pouco ridículo pois eram um pouco curtas mas mesmo assim ele sentia um janota com todo aquele luxo. Um dia acontece algo impensável, completamente impensável mesmo para todos, o Miguel adoece de uma forma terrível, os pais coitados estavam sem saber o que fazer, sem dinheiro e sem saber como fazer, foram falar com o patrão que logo dispôs ajudar, o pobre do Miguel estava com leucemia já em estado avançado, era galopante a sua doença. Já sem poder ir a casa dos pais e ver seus irmãos e seu amigo, ele só pedia a Deus que pelo menos esse desejo

de, poder despedir dos pais e irmãos e do seu amigo tão querido.

Ele não se queixava de nada, somente sorria, parecia um anjo, conformado com o destino, esperava ansiosamente pela sua partida. Os pais do Álvaro, pegaram no filho e nos outros meninos e os paisdo Miguel e os levaram a todos a outra cidade onde estava o Miguel. Álvaro estava triste sabia que seu amigo estava de partida, tentou sorrir mostrar alegria no rosto mas nada resultava.

Miguel pediu a todos que saísse do quarto, para conversar com o seu amigo, ficando sozinhos, ele pede algo ao amigo e chorando o faz prometer que irá fazer sempre isso.

- Álvaro, sempre que encontrares triste, pensa em mim, virei ao teu encontro e nunca esqueças de falar com Deus ele e bom ouvinte e nós ajuda muito.

Miguel revoltado fala:

- Miguel ajuda como meu amigo, se ele te vai deixar partir?

Miguel sorri com um sorriso lindo e diz

- Álvaro, não fiques assim, ele é bom amigo tens que o sentir no teu coração senão tudo o que pedi para ti não vai resultar, ajuda a minha família e ajuda sempre os mais pobres.

Chorando o Álvaro acena dizendo que vai fazer o que ele pediu, naquele momento ele sentiu um frio, algo estranho, como se estivessem a sussurrar no ouvido, olha para a cama e vê que o seu amigo esta imóvel sem vida.

Sai a correr pelo corredor fora chorando sem saber o que fazer como falar a todos, a dor era tão grande que ele gritava de desespero.

Todos correram em direcção a ele, sabendo que já tinha partido o seu amigo, os pais e irmãos do Miguel, choravam copiosamente, lamentando a perda.

Logo os pais do Álvaro se prontificaram em pagar o funeral e tratar de tudo, parte de papéis e levar o corpo para a terra.

A enfermeira chama o pai do Álvaro e entrega uma carta,

dizendo, que era para o amigo Álvaro mas que queria todos presentes na sua leitura.

Impacientes pediram que lesse mesmo ali a carta. Álvaro abre a carta e começa a ler:

Meus pais e irmãos e meu amigo

Um dia eu não conseguia dormir, pensando na dor e tristeza do Álvaro e na sua doença, sei que ajoelhei nos pés de minha cama já estavam os meus irmãos dormindo, orei a Deus pedindo que trocasse a vida de Álvaro pela minha, não por ser filho único mas porque eu amava como amava os meus irmãos, talvez fosse um pouco mais, não suportava o ver sofrendo assim.

Vi um clarão e um anjo, tremi, foi tal a minha emoção que chorei de felicidade, o anjo sorriu para mim e falou:

Será feito a tua vontade, iras sim mas pelo amor que dedicaste ao teu amigo, Deus te chamara para seres um anjo. Confesso que naquele momento queria acordar todos e contar o sucedido, optei por ficar calado pois iriam pensar que estava maluco.

Eu vou em paz e feliz por poder ser um anjo e vos proteger lá no céu. Eu amo a todos muito, nunca se esqueçam de falar o quanto gostam dos que rodeiam e sejam felizes não chorem a minha morte eu só passei para outro lugar juntinho de Deus nosso Pai

Assinado – Miguel.

Todos estavam lavados em lágrima, pasmados com tudo aquilo até incrédulos, nesse momento eles sentiram uma brisa de vento suave no rosto e um cheiro a rosas tão forte,

O Álvaro estava mudo, tremendo, sentiu que o seu amigo doou a sua vida pela dele, isso não tinha preço e pensando eu não seria capaz do mesmo, sentiu um lixo, pedindo desculpas a Deus.

Todos os sábados o Álvaro depositava umas flores na lápide de seu amigo, depois ia de casa em casa levar comida aos que mais precisavam dele.

Ele aprendeu a lição da verdadeira amizade e agradeceu a Deus poder ter vivido isso até ao último dia dos seus dias.

Betimartins

Betimartins
Enviado por Betimartins em 20/08/2007
Código do texto: T616250
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.