Um banco verde.

Mais uma vez me encontro bebendo em um bar qualquer, realmente uma das coisas que faço pra sentir algo... A sim caro leitor principalmente você que já estivera sozinho faço esse conto para você.

Em um bar no centro da cidade em uma quarta feira de verão e com muitos mosquitos,lixo, e cães me encontro. Sem família, filhos e com amores destruídos me encontro novamente nas ruas acompanhado apenas pela penumbra e pela luz amarelada dos postes de rua.

Voltando mais uma vez bêbado por uma esquina que nem se sabe o nome.

Estava eu, Um homem de 31 anos fracassado em amores e no jogo. Mesmo assim tinha um emprego banal.

Logo a frente encontro um mendigo sentado em um banco verde de praça. Penso em sentar perto dele e tentar saber da sua situação, situações ruins de outros sempre alegram um ser humano apático.

-Boa noite amigo.

Com um olhar triste e incrivelmente castanho e frio ele responde.

-Nada de bom amigo, só mais uma noite.

-Porque nada de bom?

-E quando foi bom? Me da um trago dessa garrafa?

-Pega, sei que não é bom... acho que perdi a tal felicidade ainda menino.

-Que merda, porque só querem fazer amizades com mendigos com álcool, mas mesmo assim vou te ouvir, pelo menos até esse whisk durar.

-Contei um pouco sobre não querer seguir em frente que o caminho parece penoso demais para um homem comum.

-A vida sempre vai ser assim, a graça é ser difícil eu moro na rua por vontade não por necessidade.

-Entendo, já pensara em morar na rua quando meu pai espancara minha mãe e eu periodicamente.

-Ele riu e compartilhou a situação, e disse: Esse papo merece mais tragos, 5 goles para cada.

-Tomei 5

-Ele tomou 7

-Muitos jovens estavam passando a para alguma festa.

-Sempre odiei pessoas jovens até quando eu mesmo era um, disse eu.

-Eu nem tanto, gostava de fazer besteira e fumar um cigarro como se fosse o maior cara do mundo.

-Olhando pra você nem parece que já foi jovem, quantos anos mesmo?

-43, 10 morando na rua e 30 tentando caçar algo que prestasse.

-Achou? disse rindo.

-Sarcástico de merda em, mas não ainda não.

-Amores?Jogo?Mulheres?Vícios? Nada???

-Nada, ao mesmo tempo tudo não vou ficar satisfeito mesmo.

-Hmmm interessante, mas te entendo as vezes é melhor viver a deriva no que entrar em um navio de merda e ser o obrigado a ficar ali pra sempre como um emprego.

-Eu escolhi me afogar em uma tempestade e você?

Me deu dois tapas 2 no ombro e era o fim da conversa.

Continuamos bebendo em silêncio como 2 mudos em uma noite quente dos infernos até que por fim me levanto, torto como um cão demente, me despeço do meu amigo e sigo pelas esquinas.

Meu novo amigo segue seu rumo não lembro muito oque falara no fim mas havia algo com ver sua filha de 5 anos e com sua mãe idosa.

Sigo para meu quarto de 25 metros quadrados, mais uma vez mais um dia, mais uma ressaca no outro dia essas coisas de vida de solteiro.

Vou para o trabalho no dia seguinte com a pior dor de cabeça da minha vida, nem lembrara como cheguei em casa, mas li o jornal e descobri que meu amigo de olhos castanhos morrera na noite anterior. 5 facadas de um outro morador de rua, e pensar que fora pela garrafa que eu dera para ele.

Minha apatia se foi senti a falta de um bêbado e de um amigo sincero e sem interesses banais nas ruas, enterrado sem lápide, como um indigente. Mil histórias se vão com a cada pá com terra seca e com vermes encima de seu caixão de madeira fria e simples. E no fim um pouco de sabedoria das ruas e de histórias noturnas nunca foram demais.

Victor Neves
Enviado por Victor Neves em 26/12/2017
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