EU SÓ VOU, SE PUDER LEVAR MEU MENINO!

Esta quem me contou foi o próprio Dorfo Boscolo, que adorava uma pescaria, e que tinha uma perua DKV – VEMAG, que era a sensação da época. Por onde ele passava, as pessoas, principalmente as crianças ficavam todos boquiabertos, visto ser raro nessa época as pessoas conseguirem comprar e manter um carro.

Bem, certo dia nosso amigo Dorfo, resolveu ir pescar, recreio muito comum antigamente na cidade de Rafard quando os nossos rios eram limpos, sem nenhuma poluição, então quem tinha um dia livre, aproveitava para garantir a "mistura" para a janta, e ainda tinha o prazer de convidar e levar os amigos.

E desta vez, nosso amigo pensou, além dos amigos habituais, tem lugar para mais uma pessoa, vou convidar Pedro Soldado, pois ele me disse que hoje seria sua folga, e sempre ele me diz que gostaria de um dia, se fosse possível, ir comigo pescar alguns peixes.

Pedro Crepaldi, morador de Rafard, por ser policial, era mais conhecido como “Pedro sordado” e era muito querido por sua bondade e tranquilidade para resolver os problemas, e na medida do possível, amigavelmente.

Dorfo, ao fazer o convite ao amigo, ouviu de Pedro que gostaria muito de ir, mas desde que pudesse levar o menino dele, pois não queria deixa-lo triste, sabendo que o pai iria “passear” de carro como costumam dizer na época, e ainda mais para ir numa pescaria...ao que Dorfo consentiu, raciocinando que ainda que já estivessem em cinco adultos, uma criança não iria fazer muita diferença...

Passou primeiro na casa dos amigos com quem costumava sempre ir pescar, e rumou para a casa de Pedro soldado que morava nessa época perto da Escola Luis Grellet, e deu uma buzinada, e chamando o amigo, que logo saiu, pedindo que esperassem um pouco, que o seu menino já estava vindo...

Quem conheceu Pedro soldado, lembra que além de alto e forte, ele tinha um peso considerável, e ao entrar na “decavezinha” de Dorfo, esta arriou a trazeira, e eis que agora vem o menino de Pedro, que apesar de seus 13 anos na época, tinha o corpo de seu pai, e era ainda mais pesado, tanto é verdade que era comum os seus amigos e até seus familiares, carinhosamente chama-lo de “Zé Gordo”, sem que com isso houvesse intenção de ofendê-lo, e até mesmo ele, aceitava o apelido sem também se importar, pois naquele tempo não tinha a “frescura” de hoje, o tal bullying.

Quando os ocupantes do carro, viram o “menino” de Pedro soldado, arregalaram os olhos admirados, e sem entender como conseguiriam se acomodar no carro, mas o fato é que foram todos para a pescaria no aperto mesmo, e só ficou a história do “menino de Pedro sordado” para ser contada em roda de amigos, nas barbearias, nos bares, nas escolas, aqui e quem sabe um dia, num livro...

Rubens Rafard
Enviado por Rubens Rafard em 23/01/2018
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