Domingo de Família

O Domingo geralmente é um excelente dia para se descansar. Ficar deitado na cama até tarde, ler os jornais da semana que não puderam ser lidos por falta de tempo, ler um bom livro, ver um jogo de futebol... Enfim mil coisas que um cidadão pode fazer para relaxar no Domingo.

Mas esse era um Domingo diferente para Gorete. Ela decidira que iria arrumar o quarto com Geraldo. Aquilo estava um pandemônio, ela reclamava. E resmungava também dizendo que o quarto era de ambos então os dois deveriam organizá-lo.

“E vamos começar logo antes que fique escuro!” Resmungou ela tirando a mesa do almoço.

“Peraí! Vamos descansar um pouco, acabamos de comer feijoada!” Protestou Geraldo.

“Que mané descansar! Vamos logo, depois você dorme”.A mulher o pegou pelo braço e arrastou para o quarto com a mesma autoridade que cuspia aquelas palavras.

Geraldo resmungou algo inaudível mas entrou para o quarto. Decidiram começar pelas gavetas dele. O trabalho mais pesado vem primeiro, decidiu a mulher. E logo que abriram a primeira gaveta viram algo que pareceu constranger os dois. Eles se olharam e ela cortou logo o silêncio:

“Mas quer dizer então que comigo você está cansado, mas com a mão deve estar sempre relaxado!”

“O que é isso mulher? Se respeite. A última vez que assisti uma coisa dessas foi aos quinze anos de idade!”

“Então de quem é? Você não está achando que é meu né?”

“Claro que não. Mas temos um filho adolescente... Só pode ser dele!!” Geraldo saiu do quarto como um furacão gritando o nome do filho. Olavo, Olavo, gritava ele. O filho saiu do quarto enrolado em uma toalha de desenhos da Disney em urgência.

“O que foi pai?”

“Por que diabos você guardou essa porcaria aqui no meu quarto?” Geraldo levantou a capa do DVD e foi ai que Olavo não entendeu mais nada.

“Eu?! Faz tempo que já não preciso mais disso pai...”

“Não tá vendo que isso só pode ser seu Geraldo? Vamos voltar para a nossa arrumação e mais tarde eu me acerto com você.” Disse Gorete em um tom de reprovação. Mas Geraldo estava inconformado. Era um absurdo enorme, um grande erro que Gorete estava cometendo e estava acabando com a reputação dele.

Em um só golpe Geraldo arrancou as toalhas do garoto e disse:

“Ta vendo? Só pode ser dele. Isso é coisa de menino na puberdade!” Deu-lhe um tapa na bunda e deixou suas mãos carimbadas nas nádegas do guri. E completou:

“Isto é para você aprender a virar homem!” E então carimbou-lhe novamente no filho. “E isto é para você assumir o que faz. Este DVD é seu e está encerrado. Próximo final de semana vai ficar de castigo.”

O menino foi para o quarto chorando e não entendia tamanha injustiça com sua pessoa. Até pensou em botar a culpa no cachorro, mas aí lembrou que talvez cachorros não precisassem fazer uso dessas coisas.

Geraldo chegou no quarto prometendo a sua esposa que provaria sua inocência quanto ao DVD, aquilo jamais poderia ser dele. Era um homem de respeito. E ai começou aquele papo que ele nunca era ouvido em casa. Só faltou chorar enquanto Gorete observava a novela ao vivo. O homem só faltava chorar. Mas ai a mulher começou a ficar um pouco constrangida. E foi notável a mudança da fisionomia de seu rosto. Começara a ficar vermelha e pediu que ele se alcamasse e sentasse.

“É muito difícil para mim te falar isso. Eu te acusei pela posse do DVD porque eu estava morrendo de vergonha de te dizer. Mas... eu trouxe isso para ver se você pára com esse cansaço e se inspira um pouco”.Geraldo aproximou-se da esposa silenciosamente e a deitou na cama.

“Quem tem uma esposa como você não precisa de mais nada!” Disse em seus ouvidos.

Ele foi simplesmente incrível e ela sentia-se a esposa mais feliz do mundo.

Um domingo de família arrumado.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 25/08/2007
Código do texto: T623759
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.