O mar.

Depois de três dias inteiros dentro daquele quarto escuro, janelas fechadas para que nenhum feixe de luz entrasse e desmascarasse oque eras por de traz das cortinas.

Depois de três dias presa por conta própria em seu casulo que não lhe permitia transmutar. Transmutação.

Talvez era apenas isso que precisavas.

Acordou na manhã do terceiro dia, sentindo um incomodo estranho dentro de si. Seu inconsciente, que ficou calado durante todo esse tempo, acordou agitado e gritando:

- Você é muito mais que essa dor!

Ela o escutou, de tão ensurdecedor que eram seus gritos, um inconsciente desesperado por liberdade.

Então, ela desfez os nós que a prendiam na cama, fez um coque no cabelo, e finalmente. Abriu a janela!

Neste momento que o sol entrou queimando em sua prisão particular, ela se olhou no espelho finalmente. Olhos inchados, rosto abatido, e olheiras gigantescas.

Ouviu seu inconsciente gritar novamente:

- É isso que quer para nos?

E se deu conta que não, nunca quis aquilo. Correu para o banheiro dando-se de presente um banho longo e quente. Passou uma maquiagem básica, e correu para ver o mar.

-Que sorte temos de morar no litoral!

Ouviu seu inconsciente, agora mais calmo.

E se viu sorrindo quando estava de frente ao esplendor verde-azulado que se movia lentamente em ondas fracas e bondosas.

Como se até o mar dissesse:

-Tu mereces mais, garota.

Ela correu ate ele, de encontro com a primeira onda. Que quando tocou seus pés e molhou até seus calcanhares, foi como se depois de três dias, ela se sentisse viva novamente.

-Anéis de Saturno.

Aneis de Saturno
Enviado por Aneis de Saturno em 12/02/2018
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