O bom Bueno

Bueno morreu e foi enterrado. Não que ser enterrado seja um benefício, ou então um ato de caridade ou de respeito para aquele que cruzou a linha entre os vivos e mortos. O real motivo dele ter sido enterrado, e que todas outras pessoas também são, e que serve também para aqueles que optam pela cremação, que além de tudo está na moda... Abro um parênteses sobre a moda da cremação. Qual funeral você sente mais prazer em participar? O enterro ou a cremação? Talvez o enterro seja a melhor escolha, já que a cremação não permite que visualizemos o grand finale, onde o fogo acaba com tudo em pouco tempo e somente as cinzas ficam para serem jogadas no mar ou então nos céus pelos queridos familiares que ficam com as lembranças, dívidas ou então em casos raros, heranças... Voltando a Bueno. Ele foi enterrado. O motivo não foi o saudoso respeito, mas sim o cheiro. Sim, ele federia muito se não fosse enterrado. Também ficaria feio, sem cor, atraindo bichos, a boca caindo de lado, fluidos corporais sairiam do nariz. Seria desagradável para quem fica. Por isso Bueno foi enterrado. Porque depois de morto ainda seria um estorvo para as narinas ainda ativas.

Mas Bueno ganhou um terço. Não levou nada que conquistou, nem o carro, nem a casa, nem os filhos, nem mesmo deixaram ele levar uma foto da família. Mas deixaram levar um terço de madeira. Bueno não era católico, nem cristão. Nem posso afirmar que um cristão use terço em suas orações, normalmente só imaginamos as beatas católica semi-virgens em suas respectivas orações. O importante que Bueno ainda tinha guardado seu terno de casamento, ficou pequeno, mas as flores brancas conseguiram cobrir a diferença.

Paulo Patton
Enviado por Paulo Patton em 23/05/2018
Reeditado em 25/05/2018
Código do texto: T6344297
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