A dependência da monocultura

Era o ano de 2033, em uma vila pequena de nome: Lesados, de um país chamado: Quase Todos, habitada por cinquenta famílias de agricultores, pequenos produtores que praticavam em suas terras a monocultura centenária de seus antepassados e, que não ousavam ir além, pois sentiam-se, assim, mais seguros e fiéis aos seus princípios culturais: plantar batatas.

Mas, com o progresso chegando, Ousadus Silva, filho da família: Santos Silva, de origem galega, ousou saber mais um pouco dos que os demais da vila e foi fazer faculdade de agronomia na cidade de Seropédica, o que lhe deu vastíssimo conhecimento tecnológico do agronegócio e das tecnologias de ponta nos vários segmentos de humanas e exatas.

No ano de Deus de 2038, retorna o jovem para a sua terrinha e, junto aos demais familiares começa a aplicar os seus conhecimentos no pequeno sítio da família, diversificando o modo de produção de sua família. Propõe então, trabalhar outras culturas; criar condições de armazenamento e de beneficiar os produtos estocados.

Com essa nova visão, a família Santos Silva passa a controlar, em pouco tempo, toda a economia da Vila; hoje, não só vende as várias culturas que produz, mas também, as culturas compradas dos outros produtores, o que lhes proporciona um lastro de negócios diferenciado dos demais produtores locais.

Agora, pelo contrário, até ajudam outras famílias de produtores, não só comprando suas produções, que estocadas e beneficiadas, em época de escassez, mantém a sua margem de lucro estável sem perder o mercado.

Nada muito diferente de um país da América do Norte, na sua perene estabilidade da fé no ser humano e na família, mas impossível e descontrolado no domínio do mercado internacional; porém, com uma exceção, é claro!

A família de Ousadus Silva demanda tudo em família, na comunidade, na vila, de família pra família e, essa nação Americana, na busca da hegemonia vive a fome do dragão impiedoso pra se manter na liderança mundial; mas, apesar de tudo, eu sou mais a unidade das famílias Santos Silva.

Vicente Freire

26 de maio de 2018.