Sem Destino

As folhas caindo das árvores e uma delas cai no carrinho de

mão de um velho. Uma garota cruzava com ele e olha a folha

dentro do carrinho com curiosidade. Olha as folhas ainda

caindo e pensa que aquela folha caiu casualmente ali, e que

o velho, louco e cego, não percebeu, nem perceberia.

Louco e cego andava, com os olhos no além, nunca no aquém.

Anda sem destino, como todos os sem destino, conhece o

caminho de cor. Uma curva aqui, outra ali, uma ponte passada,

uma esquina virada, segue mais quinhentos quilômetros e

chegou, a qualquer lugar.