A Busca

Em movimento constante.

Intrigante; Inquietante.

Só queria alguns sinais. Tudo bem, eu sempre soube que não seria fácil. Nunca é fácil mudar. Mais difícil é ficar onde se está.

Pensei “Devo pôr as coisas no lugar”, e fui em busca do lugar ideal para pôr o que mais me preocupo em guardar. É o que tenho de mais precioso, é algo que não poderei jamais dar, nem mesmo aos que amo. Precisa ser um lugar seguro, lugar que possa confiar. Vivo tentando encontrar meios para tentar fazer com que outros tentem se ver sem verdades. Uma visão sem verdades é o último consolo quando se percebe que cedo ou tarde o carrasco será autorizado. É inesperado. Estaremos vendados.

E isso me aflige.

Tudo é conflitante, e jamais seria um problema se não fosse as coisas em que acredito. Elas me mostram o que sou, porque pra mim sempre foi preciso ter em que me sustentar, nasci dependente, com a consequência de me aceitar na solidão total. As cortinas só se fecharão uma vez.

E então será um adeus às explicações.

Mas como então pôr as coisas no lugar? Será isso possível?

Só poderei se puder explica-las. Tenho que explicar tudo. Caso não, posso pôr as coisas em lugares que não são seus, e no final será sempre a busca pela linha reta, caminhando sobre cacos de vidro. Uma busca que dói. Fere.

Mas em minha mente o ciclo da eternidade ainda intocada é um turbilhão de possibilidades dependentes apenas que isso que não reconheço em mim, que também é o que sou, sinta que deve. Eu sou a mão que move a peça, a presença que habita essa mão é quem ordena. Essa presença, eu temo.

Foi assim que a necessidade de uma explicação surgiu.

Não é culpa minha. Nem sua. Já estava antes de nós. Porque é isso que quebra o encanto. Explicar. A vida que se explica jamais poderia ser vida, porque uma vez que é vida, a explicação a converte no que eu quero. Vida é e ponto. Porque a vida está por trás de um “muro”, eu quero vê-la, saber onde ela está, mas esse “muro”, não se pode derrubá-lo, não se pode escalá-lo. O “muro” nos impede. O que preciso fazer?

É preciso saber que se é ele.

Sendo ele você olhará com os olhos dele, e ele também será como você. Ele sem olhos, e os olhos que você tem transformados. Olhos para dentro. Olhos que veem o que precisam. O “muro” não precisa de olhos para ver. Ele apenas é. Sendo, lhe é suficiente para ver que não faz diferença. Somos o “muro”?

Sim.

Mas é claro que não há sequer a mínima possibilidade de que isso que aqui está escrito tenha o menor sentido. Não precisa. Porque se de repente houver alguma tentativa de explicar o que aqui está, ou de refutá-lo, a vida que forjei será a primeira coisa que eu te peço para não dar ouvidos. Não haveria vida aqui... Agora mesmo. Deveria pôr as coisas no lugar, guardar o que me é mais valioso, e encontrei essas folhas em branco...

Então por muitos instantes deixei minha realidade e acreditei que haveria alguma mudança se ao menos com essas palavras eu pudesse olhar nos olhos de todos e dizer que...

“Só você...

Você só...

Busque se ver...

Pra ver...”

Agora, está guardado.

Edgar Lins
Enviado por Edgar Lins em 09/07/2018
Código do texto: T6385339
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