Amigo de puta ou promessas eternas de um foda

Certo dia eu conheci uma garota num bar no Centro – local família, onde eu costumava beber cerveja de sexta feira e ouvir música na jukebox. A menina não era lá grande coisa. Mais ou menos de rosto, gostosinha de bunda e peitos legais. Apta para uma boa trepada. Trocamos olhares lascivos, ideias safadas e marcamos um encontro (neste dia eu estava apressado para resolver umas coisas. Não pude ficar para o sexo.). Uma semana depois, quando nos encontramos pela segunda vez, ela já foi logo me dizendo na lata que era puta. Sim, puta! Não esperou nem eu terminar o primeiro copo de cerveja. Fiquei chocado, mas não deixei transparecer, acho... Bebemos várias brejas, comemos uma porção de fritas e, quando eu já estava certo de que iria passar a noite toda fodendo, ela teve que ir trabalhar. Fiquei frustrado, de pau duro e ainda tive que pagar a conta. Porém, fiquei empolgado com as infinitas possibilidades de sexo fácil (e bom sexo, especulei...), sendo o amigo o de uma puta.

O tempo passou e uma vez resolvi visitar minha amiga de vida fácil em seu local de trabalho. Lucian Cegueta, meu amigo de bebedeiras, foi comigo. Lucian era cego de um olho e gostava de contar histórias idiotas de lendas esotéricas dos Celtas desgraçados. Mas isso não vem ao caso agora. Foda-se Lucian! Foda-se os Celtas! Voltando a história, fiquei no puteiro por um tempo, acompanhado de Lucian. O lugar tinha um cheiro de suor e um leve aroma de esperma no ar. Sofá marrom e rasgado. Certamente alguém andou fodendo muito ali, deduzi. Pedi duas latinhas de Skol e dei uma olhada nas garotas – nada atraentes – dançando. Minha amiga apareceu, trocamos três beijinhos no rosto (senti cheiro de esperma) e batemos um papo rápido e sem graça. Como não senti tesão (na verdade senti um certo nojo), fui embora sem comer ninguém jurando jamais ver a puta novamente. Lucian Cegueta foi embora comigo.

Depois de alguns meses, a puta me ligou chamando-me para tomar umas brejas novamente. Hesitei, mas fui. Chegando lá, percebi que ela estava com um barrigão de grávida. Seu pé esquerdo estava todo cortado. Cortes grandes mesmo. Cortes frescos e feios, feitos por cacos de vidro pontiagudos, talvez. Mas ela não tinha levado ponto. Ela também carregava malas de viagens. Disse-me que estava indo embora para Minas (sua terra natal), pois havia sido despedida da “casa”. Pela cara coitada, tive certeza que minha amiga se envolveu em alguma briga com a dona da distinta “casa”. Provavelmente essa briga era a causa do corte no pé. Não tive coragem de perguntar... O fato é que eu tinha ido ao encontro com intenção de finalmente traçá-la, mas ao ver a moça naquele estado deplorável, fiquei com dó e perdi todo o tesão. Não tive coragem de comê-la. E olha que sempre tive um grande tesão por grávidas e afins. Mas não é ético comer uma grávida, desempregada e que acabou de ter o pé cortado por algum caco de vidro proveniente de alguma garrafada de pinga barata desferida em pleno puteiro. Era sacanagem demais e eu não sou um cara sacana, claro...

Paguei umas brejas de consolação para minha amiga e dei cinquenta reais para a passagem de ônibus (além de tudo ela estava sem dinheiro). Percebi minha grandiosidade moral neste instante. Somente alguém da estatura de um Gandhi ou John Lennon, para sair com uma puta, pagar cervejas, não comê-la e ainda dar cinquenta paus (sem trocadilhos). Fui embora e minha amiga seguiu seu destino rumo à bucólica Minas Gerais para parir sua ninhada. Jurei jamais ver essa puta novamente.

Um tempo depois, após o nascimento do menino, a ex puta, agora mãe de família, mulher do lar, me ligou pedindo grana emprestada. Disse-me que pretendia retornar a São Paulo, sem o filho, para recomeçar a “carreira”. Emprestei, mas já comecei a ficar irritado com a situação. Eu lá tenho cara de provedor de puta?

Minha amiga não tinha retornado à São Paulo ainda, mas de tempos em tempos me ligava para reclamar da vida e, obviamente, pedir mais dinheiro emprestado. Para despistá-la, inventei uma história dizendo que eu tinha sido demitido do emprego e que estava sem grana. Acho que funcionou, pois com o tempo, as ligações foram cessando.

Depois de mais de um ano sem manter contato, minha amiga me mandou um SMS dizendo que finalmente retornara a São Paulo e que estava trabalhado (no mesmo ramo, claro). Convidou-me para uma visitinha ao puteiro, sua nova “casa”. Recusei. Prevendo que ela iria me parasitar, inventei outra história dizendo que estava comprometido com uma moça de família e tal. A puta me pediu desculpas e sumiu. Cheguei a receber mais algumas mensagens no celular, mas como nunca respondi, cessaram de vez.

Nunca comi essa puta apesar da puta vontade. Quando ela começou a me convidar para visita-la, depois de seu retorno a cidade, cheguei a ficar com receio de encontrá-la e ser vítima de alguma emboscada. Imaginei minha amiga junto a algum amante escondido no armário do quarto me esfaqueando enquanto eu tirava a roupa, roubando meu cartão de crédito e fazendo compras em meu nome. Depois ela iria retalhar o meu corpo, colocá-lo numa mala e abandonar tudo em alguma esquina decadente do Centro de São Paulo. Já vi essas coisas acontecerem na televisão. Não sei se ela seria capaz de roubar e assassinar. Poderia fazer algo menos grave, como cortar minhas bolas e guardar na bolsa, como naquele filme pornô japonês... Certamente ela supunha que eu tinha muita grana. Portanto, eu era um alvo. E essas putas nunca são de boa índole. Quem dá fácil, mata fácil. Enfim, não paguei para ver.

Velho Ranzinza
Enviado por Velho Ranzinza em 11/09/2018
Reeditado em 25/10/2020
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