Sua vida de quases.

Ele seguia pelos mesmos caminhos sempre, era quase um equilibrista, tudo em sua vida era quase, quase teve uma oportunidade de amar, quase teve uma vida não um trajeto de ruas como se sua vida fosse uma mapa. Zé catava lixos para sobreviver e levar o pão de cada dia para seus filhos, a única coisa verdadeira em sua vida. A sua Anita sumiu no mundo, as drogas a consumiram num trágico destino, ela fora uma ventania em seu mundo. Todos os dias quando se arrastava para seu barraco já envolvido num manto de álcool para enfrentar a solidão da noite, faria comida para os filhos, jantariam juntos e os colocaria na cama e depois? Vinha a dor, as golfadas de saudades da sua morena, daquelas risadas cristalinas que atravessavam as noites. Para conseguir dormir, ligava o rádio e ouvia os versos de Mário Barbará: “Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade, Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será...” Sim a sua vida de quases, nunca será, pois nunca foi desde que a sua Anita, sua morena o deixará.

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 10/10/2018
Reeditado em 14/12/2021
Código do texto: T6472666
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