Transbordando o vazio

Para mim, não é nada efêmera, a solidão. Esse substantivo feminino, de poucos encantos, visitou-me, pela primeira vez, há décadas.

Doído estado de ausência; de vazio espiritual, que se instalou no meu íntimo e fez-me, compulsoriamente, um ser inquieto.

Ensinou-me os primeiros passos do eu sozinho. Adaptou-me às vivências numa ilha do mar multidão. Saqueou-me a paz que finjo ter. Levou-me a harmonia que insisto recuperar. Mixou, misturou, confundiu meus melhores pensamentos. Tirou-me o foco, o norte, a direção, o meu farol...Tornou-me um navio sem porto, um pássaro sem ninho, um guerreiro sem causa, um andarilho sem descanso. A solitude assumiu meu sobrenome! Ofertou-me, uma tristeza ocultada no coração e um punhado de ótimas lembranças de um passado, clamando presente.

Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 14/10/2018
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