A ordem é ser ministro, ou, quem não tem padrinho, morre "apagão"

Romeu Prisco

Bastou o atual Ministro da Defesa, Nelson Jobim, homem de compleição física robusta, manifestar a sua sensação de desconforto, que o espaço existente entre as poltronas dos aviões comerciais lhe causa, quando deles se utiliza em suas viagens, para que as companhias de transporte aéreo prontamente se dispusessem a rever a disposição dos assentos das aeronaves, de modo a eliminar aquele "problema".

Assim, pensando nessa notícia amplamente divulgada pela imprensa escrita e falada, continuei minha caminhada pela praia, numa linda noite de céu estrelado, até que deparei com um objeto na areia. Abaixei-me, peguei-o, assoprei os grânulos de calcário que sobre ele se depositavam e tentei remover os mais resistentes, esfregando o objeto com as mãos, quando levei tremendo susto. Repentinamente surgiu um vulto, que, depois, se identificou como sendo um "gênio". Sim, havia achado a lâmpada mágica de Aladim ! Chamando-me de "amo", o gênio disse que eu teria direito à realização de três desejos.

Formulei o primeiro: quero ser Ministro da Previdência Social. Realizado o desejo, na entrevista inicial e coletiva que dei à imprensa, manifestei o meu enorme desconforto diante dos parcos vencimentos que, como aposentado por idade e tempo de contribuição, recebo do INSS, por não ter sido incluído no cálculo do benefício os recolhimentos por mim efetuados, durante certo tempo, à previdência pública municipal. Mal se encerrou a entrevista, toca o meu celular. Era o Superintendente do INSS, dizendo-me que determinara a imediata revisão dos valores da minha aposentadoria, que já seriam pagos a partir do próximo mês, inclusive com o reembolso dos atrasados.

Formulei o segundo desejo: quero ser Ministro das Comunicações. Consumada esta aspiração, manifestei, publicamente, minha profunda indignação com os sucessivos e prolongados "apagões" da telefonia fixa e de acesso à "internet", que acontecem na chácara onde estou residindo. Assim que lá cheguei, o telefone fixo, surpreendentemente, tocou. Estava funcionando ! Atendi. Era o Presidente da "Telefonica/Telesp", dizendo-me que, após severa admoestação da ANATEL, antes nunca ocorrida, estavam sendo providenciados, em regime de extrema urgência, a instalação de uma linha telefônica blindada para a minha chácara, o restabelecimento, em caráter permanente, da velocidade de acesso à "internet", que me fora inicialmente prometida na aquisição do "Plano Internet Ilimitada", e o direito ao atendimento do suporte técnico através de 0800, no lugar da famigerada "Central dos Assinantes".

Formulei o terceiro desejo: quero ser Ministro do Esporte. Uma vez materializada esta vontade, em entrevista exclusiva concedida à Rede Globo, exteriorizei o meu descontentamento e a minha tristeza com a situação do Sport Clube Corinthians Paulista, objeto de consecutivas crises administrativas, financeiras e técnicas. Terminada a exibição dessa entrevista no "Jornal Nacional", desliguei o aparelho de televisão e, quando me preparava para dormir, vi-me, novamente, diante do gênio da lâmpada, sentenciando: "amo, agora nem eu posso ajudá-lo. Aqui entre nós, também sou corintiano. Todavia, acabar com conflitos do nosso Clube, foi a única obra que nunca consegui executar, apesar dos incontáveis pedidos que já recebi nesse sentido. O último partiu de Lula, fato este que me deixou muito confuso, porque fiquei, decididamente, sem saber se é o Corinthians que tem a cara do Brasil, ou se é o Brasil que tem a cara do Corinthians."

Pronto ! Essa é a minha história. Quem quiser, que conte outra...

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